terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

"Os Tintins - Shops de Macau" por Filipe Emílio de Paiva


Igreja de Stº António
Bilhete Postal editado por M. Sternberg - Hong Kong
in João Loureiro. Postais Antigos de Macau 

"Permanecendo um certo tempo em Macau, mais tarde ou mais cedo, tem que se ir aos tintins, ou lojas de bricabraque chinesas.
Aglomeram-se estas lojas por detrás da Igreja de Stº António.
Tudo o que há de mais esquisito e disparatado em mobílias, loiças, antigas e modernas, chinesas ou europeias, aparece no amontoamento destas lojas, de envolta com lixo, maus cheiros, a cozinha e o menage dos proprietários.
Quem tem paciência para andar de um para outro tintin, rebuscando, regateando, consegue às vezes, mas raramente, encontrar algum bordado antigo e raro, alguma porcelana, jarra ou chávena de algum valor, e que se adquire barato. Porém isto já está tão explorado, e como em Hong Kong o mercado é maior e mais rico, os tintins de Macau nada dão ao curioso, que recompense a maçada de regatear com os chineses, discutir, entrar e sair em recusas de oferecimentos cinco ou seis vezes na mesma loja.
(...)
"Mas nestas lojas está tudo amontoado! São barracas que extravasam a rua. louças, botas e sapatos, ferragens, armas, pratos e estatuetas, oleografias, números dos jornais ilustrados, ingleses ou franceses, tudo isto abrigado do sol ou da chuva por toldos seguros por varas de bambu, ou ripados de tábuas negras ardidas pelo sol e pela chuva.
(...)
É isto o que se chama um tintin.
(...)
Filipe Emílio Paiva. Um Marinheiro em Macau - 1903 - Álbum de Viagem. Museu Marítimo de Macau, 1997

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