quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Jardim da Montanha Russa


O morro onde se localiza o Jardim da Montanha da Montanha Russa - Ló Si Sán, o Outeiro do Caracol, como é conhecido entre os chineses - designava-se, primitivamente por Siu Lin Fông, ou seja, Pequeno Cume do Lótus, para se distinguir da colina de Mong Há, que é conhecida por Lin Fông Sán, a Colina do Cume do Lótus. Conta, ainda, Gonzaga Gomes(1), «era este o local em que, há uma dezena de anos(2), nas calmosas tardes de estio, se reunia uma parte da população, para gozar a fresca aragem trazida pelo mar, e para se deliciar com refrescos e gelados, que eram servidos nas várias mesas espalhadas pela esplanada, pois, nesse tempo, ainda não havia cafés e restaurantes pela cidade e quem necessitasse de qualquer bebida, ou tinha de ir pedi-la a uma taberna ou aos bares dos hotéis, dos clubes ou dos barcos da carreira de Hong Kong».

Uma outra curiosidade associada a este jardim prende-se com a geomancia chinesa, em que «os acidentes orográficos de Macau assumem o aspecto de ung-si-lông-k'au (cinco leões brincando com uma bola) pois, como é sabido, para os chineses, o leão não é aquele temível rei da selva que solta pavorosos bramidos, mas sim um animal traquinas que se diverte imenso com uma esfera que persegue, tal como estamos acostumados a vê-lo, na cauda de todas as procissões religiosas ou cortejos de manifestações de regozijo». Esta família leonina, em que a Colina da Guia representa o pai leão, a da Penha a mãe leoa, e os três filhotes são as colinas da Montanha Russa, do Jardim de Luís de Camões e de Mong Há, encontra-se «em movimentada atitude de se precipitarem-se sobre a esfera, o cobiçado objecto da sua perseguição, e que, para o caso, é a colina da Ilha Verde».


(1) Luís Gonzaga Gomes, «O Extinto Povoado de Macau-Seak», Lendas Chinesas de Macau, Notícias de Macau, 1951

(2) Princípios do século XX; o jardim situava-se, então, fora de portas, perto da antiga praia da Areia Preta

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Postas do Oriente: um blog de blogs do Oriente

Caderno do Oriente foi associado ao projecto Postas do Oriente, um espaço de divulgação de blogs de língua portuguesa no Oriente, ou com o Oriente relacionados, e que disponibiliza, em tempo real, as últimas actualizações dos blogs associados.

Rampa dos Cavaleiros

Rampa dos Cavaleiros. Macau, Novembro de 2008

A Rampa dos Cavaleiros começa no entroncamento das Estradas de Ferreira do Amaral e da Bela Vista e termina em frente da Estrada da Areia Preta. Os cavaleiros eram britânicos, cuja comunidade, no século XIX e até à fundação de Hong Kong, em 1841, possuía junto às Portas do Cerco o seu hipódromo.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Bauínia blakeana, a flor de Hong Kong

Jardim Cidade das Flores, na Taipa.

«Foi pela primeira vez observada em 1908 por um padre da Missão Francesa de Pok Fu Lam, tendo sido identificada e divulgada pelo botânico Dunn, que foi Conservador do Herbário de Hong Kong. Por ter sido encontrada em Hong Kong, esta espécie foi "baptizada" com o nome de blakeana, em honra de Sir Henry Blake que, de 1898 a 1903, foi Governador do vizinho Território.
De referir ainda que, em 1965, esta espécie foi escolhida como símbolo floral de Hong Kong, encontrando-se estilizada na bandeira da actual Região Administrativa Especial de Hong Kong.» (Wang Zhu Hao, Árvores de Macau, vol. II).

Originária de Hong Kong e cultivada no Sul da China, a Bauínia de Flor Vermelha - Bauhinia blakeana Dunn - floresce de Novembro a Março. Trata-se de um híbrido estéril, provavelmente proveniente do cruzamento natural entre a Bauhinia variegata e a Bauhinia purpurea.

Fontes:
Wang Zhu Hao, Árvores de Macau, vol. II
The University of Hong Kong: Bauhinia blakeana Dunn, Hong Kong Orchid Tree
Wikipedia: Bauhinia blakeana

Uma casa saborosa

Na Rua das Hortas (Areia Preta).

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Nenúfar


A clorofilina idade
na transparência vegetal
das algas
em aquática luz,
nenúfares quedados
entre esguios bambus.

Jorge Arrimar. Secretos Sinais. Instituto Cultural de Macau, 1992

Canforeira

Canforeira - Cinnamomum camphora (L.) Presl - na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, em Macau.

Árvore pertencente à família Lauraceae e ao género Cinnamomum, o mesmo da caneleira, a canforeira é originária de uma vasta zona geográfica do Extremo Oriente, particularmente a região oriental da China, Taiwan, Coreia, Japão e Vietname. De lento crescimento, chega a atingir 30 metros de altura e 3 metros de diâmetro. A casca, a madeira, os ramos e as folhas são aromáticas e a cânfora - destilada a partir da madeira, da raiz, dos ramos e das folhas - é utilizada na preparação de medicamentos, cosméticos, produtos químicos, incensos. A madeira, aromática e resistente à humidade e aos insectos, é utilizada na construção naval e no fabrico de mobiliário.


Fonte:
Wang Zhu Hao, Árvores de Macau, vol. I Câmara Municipal das Ilhas, 1997
Cinnamomum Camphora (Camphor tree), in Wikipedia