quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Calçada da Igreja de S. Lázaro

Calçada da Igreja de S. Lázaro. Macau, Dezembro de 2009

O Jardim de Lou Kau

O Jardim de Lou Kau ou Lou Lim Ieoc em 1908.
Fotografia publicada na Illustração Portugueza de 14 de Dezembro de 1908

Foi Lou Chéok Chi (1837-1906), mais conhecido por Lou Kau, abastado comerciante que em 1870 se fixou em Macau, que mandou construir, nas várzeas húmidas do Tap Seac, um jardim em estilo chinês, tendo, para tal, contratado em Cantão dois afamados artistas, Lau Kat Lok e Lei Tai Chun.
Chamava-se Yu Yun ou Jardim das Delícias, mas acabou por ficar conhecido pelo nome do seu proprietário inicial, Lou Kau, e, mais tarde, do seu filho primogénito, Lou Lim Ieoc. O acesso principal fazia-se «por um grande portão que abria para a Rua Almirante Costa Cabral, portão que, ainda hoje existe e dá acesso à Escola Pui Cheng (...)» (Teixeira. Toponímia de Macau, vol. 1).
Actualmente ocupa uma área de cerca de metade da inicial. Após a morte de Lou Lim Ieoc (1927), os seus descendentes alugaram parte do jardim à referida escola e, nos anos de 1950, uma área considerável do jardim, até então ocupada pelos viveiros, foi urbanizada. Em 1973, foi adquirido pelo governo e entregue ao Leal Senado. Abriu ao público a 28 de Setembro de 1974.

Fontes:
A. J. Emerenciano Estácio e A. M. de Paula Saraiva. Jardins e Parques de Macau. Instituo Potuguês do Oriente, 1993
P. Manuel Teixeira. Toponímia de Macau, vol 1. Instituto Cultural de Macau, 1997

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

No adro da Igreja de S. Lázaro

Igreja de S. Lázaro. Aguarela de Lai Ieng. 2004
Museu de Arte de Macau

S. Lázaro


S. Lázaro, que em tempos idos foi conhecido por Bairro da Horta do Volong e onde, em 1895, a peste dizimou milhares de vidas, abrange uma área mais ou menos limitada pela Calçada do Poço, Caminho dos Artilheiros, Rua de Sanches de Miranda, Estrada do Cemitério e parte da Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida.

«O Bairro da Horta do Volong e os seus arredores não escaparam ao flagelo [em 1895] mais do isso: devia ter sido uma das zonas da cidade mais contaminadas (...). Tornando-se necessário proceder ao saneamento de todo o bairro e seus arredores, o Engº Abreu Nunes apoiado pelo Governador Horta e Costa, promoveu a expropriação de todas as casas de alvenaria daquele bairro e a destruição dos casebres e palhotas, onde criavam à solta, suínos, galináceos, etc.» (P. Manuel Teixeira, Toponímia de Macau, vol. II).

Do Bairro da Horta do Volong ficou o nome numa rua, a Rua do Volong, que começa na Calçada do Poço e termina na Estrada do Cemitério. O Volong que lhe deu o nome foi Francisco Volong, negociante chinês, cristão, que em 1856 obteve a naturalização portuguesa.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Avenida Vasco da Gama


«(...) Tomaram por entre os talhões de piso de cimento da arborizada Avenida Vasco da Gama e ao fundo, todo polvilhado de uma poeira de oiro pálido sob a luz doce do Sol, num horizonte levemente carminado, apareceu um monumento (...)». Emílio de San Bruno. O Caso da Rua Volong (1928).

A Avenida Vasco da Gama foi aberta quando do saneamento da zona do Tap Seac - até então uma extensa várzea pantanosa - por ordem do governador Horta e Costa (1894-1897). Nela foram construídos o monumento de Vasco da Gama, várias escolas - entre elas a Escola Luso-Chinesa Sir Robert Ho Tung -, o Hotel Estoril e o Comando da Polícia de Segurança Pública.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Champaca de flor branca

Champaca de flor branca no Jardim de Lou Lim Ieoc. Macau, 2009

Nativa da Malásia e Indonésia a Champaca de flor branca - Magnoliaceae, Michelia alba DC. - é uma árvore ornamental que atinge 18 metros de altura. Floresce de Maio a Setembro e as suas flores são aromáticas. Em Macau, encontram-se exemplares no Jardim de Lou Lim Ieoc e no Parque de Seak Pai Wan, e também em alguns jardins de residências antigas.
O género Michelia deve o seu nome ao botânico italiano Pietro Antonio Micheli (1679–1737).

Fontes:
Wang Zhu Hao. Árvores de Macau. Vol I. Câmara Municipal das Ilhas, 1997
Wikipedia: Michelia

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

«Em seguida "deu vida" ao leão (...)»

Fotografia de José Neves Catela (cerca de 1930). Museu de Arte de Macau

«(...) Em seguida "deu vida" ao leão da Associação Fraternal, Desportiva e de Artes Marciais do Leão Acordado, com sede na Rua da Tercena, a qual lhes proporcionou uma "dança do leão", colorida e atlética, seguida da queima de uma fita de panchões; tudo mais barulhento e prolongado do que o recomendável. Mas os rapazes queriam valorizar as suas qualificações acrobáticas e não era todos os dias que tinham a honra e o inefável prazer de se exibir perante Suas Excelências; e havia, por outro lado, que desempenhar conscienciosamente a obrigação de exorcismar os espíritos malignos e invejosos que porventura pairassem no ambiente. Para tanto, após a dança, o leão entrou nas instalações, farejou os cantos e recantos, soprou os eventuais fantasmas que tivessem sobrevivido a todo aquele estrondear, deu-se por satisfeito, e retirou-se depois de ter embolsado o lai-si amarrado a um pé de alface nova (...)».
Rodrigo Leal de Carvalho. O Senhor Conde e as suas três mulheres. Livros do Oriente, 1999

»» Sobre a Dança do Leão ver o post Brinco de Leão

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Ermida da Penha

Ermida de Nossa Senhora da Penha de França. Macau, Novembro de 2009

Situada no topo da Colina da Penha, a Ermida de Nossa Senhora da Penha de França foi edificada em 1622 e reconstruída em 1837, sendo o actual edifício de 1934-1935. A capela é também conhecida por Capela de Nossa Senhora do Bom Parto, por ter sido construída junto do baluarte do mesmo nome. A história da construção da capela encontra-se associada ao cumprimento de uma promessa a Nossa Senhora da Penha. Em Julho de 1620, navegava o navio S. Bartolomeu de Macau para o Japão quando, na manhã do dia 28, deparou-se com uma nau holandesa que o seguiu por muito tempo e que, por ser mais ligeira, depressa alcançou o S. Bartolomeu. Vendo-se os marinheiros portugueses em dificuldades e sabendo-se em situação desigual e sem possibilidade de escaparem aos holandeses, pediram à Virgem Nossa Senhora da Penha de França que os acudisse, prometendo-lhes uma ermida na cidade de Macau. Logo de imediato foram socorridos livrando-se da nau holandesa. Em cumprimento da promessa, a 13 de Maio de 1621, fizeram a doação ao Convento de Santo Agostinho para que este edificasse a ermida.

Fonte: P. Manuel Teixeira. Toponímia de Macau. Instituto Cultural de Macau, 1997

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Tou Tei, o Deus da Terra

Tou Tei
Templo de Tou Tei, no Patane (Rua da Palmeira)

«Na China Imperial - e em Macau ainda hoje acontece -altares e nichos para os espíritos ou divindades protectoras havia-os por todo o lado. Em todos os povoados, fosse nos templos ou nos edifícios públicos, existia pelo menos um ou mais altares do Tou Tei, vulgarmente denominado "deus da terra", mas cuja designação é formada por dois caracteres que significam ambos "Terra". Os altares ficam habitualmente ao nível do solo, sempre que isso é possível, e encostado à chamada "parede espiritual" a que acolhe o portão das mansões ou residências senhoriais, e hoje, a porta dos edifícios e apartamentos (...)»
Cecília Jorge. Deuses e Divindades. Gods and Deities. Direcção dos Serviços de Correios. Macau Post. 2005

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Kuan Tai, o Deus-Guerreiro

No Templo do Bazar ou Hong Kung Miu

«É uma figura lendária divinizada. (...)
Este deus-guerreiro é um dos mais poderosos e respeitados do panteão chinês e deve a sua posição ao facto de personificar ao mais alto grau todas as virtudes de um guerreiro e cavaleiro. Exímio no manejo de armas, bravo e íntegro. Identifica-o a cara pintada de vermelho, a cor atribuída às personagens honestas e corajosas. Era um dos grandes generais do período dos "Três Reinos" (Século III), e foi uma das personagens que inspirou o clássico "Romance dos Três Reinos".
Kuan Tai terá sido a mais popular divindade do final da era imperial chinesa, porque era venerado e recebia sacrifícios e oferendas quer de altos funcionários da corte, quer do povo. O título de Ti ou Tai (em cantonense, equiparado a Imperador), foi-lhe conferido em finais da dinastia Ming, altura em que ascendeu a uma posição equiparada à de Confúcio no panteão chinês.
Para além do estatuto oficial de "lealdade personificada", o deus guerreiro é igualmente propiciado como divindade protectora do Comércio e Deus da Riqueza (divindade "militar", já que existe um Deus da Riqueza "civil"(...)».
Cecília Jorge. Deuses e Divindades. Gods and Deities. Direcção dos Serviços de Correios. Macau Post. 2005

Chok Chin e Seng Pui

No Lin Fong Miu. Macau, Abril de 2009

Os Chok Chin são tiras finas de bambu, com cerca de 18 cm de comprimento, que se encontram num recipiente cilíndrico também de bambu. Cada tira está numerada e cada número possui o seu respectivo significado. Ao chocalhar o cilindro, o devoto vai fazer sobresair uma dessas tiras, cujo significado será dado pelo responsável do templo.
Os Seng Pui são pequenas peças ou blocos de madeira, com cerca de 8 cm de comprimento, uma face plana e a outra curva. Quando lançados, a sorte é ditada consoante a posição em que caem.

Os Tai Sôi, deuses protectores dos anos

No Lin Kai Miu. Macau, Junho de 2009

Os Tai Sôi são divindades protectoras dos anos de vida e cada Tai Sôi protege um ano de idade. Estes contam-se de um a sessenta. "Cada período de 60 anos corresponde ao ciclo sexagenário do calendário chinês e cada T'ai Sôi vigia um determinado ano; ao completar os 60 atinge a vida plena e volta» (P. Manuel Teixeira. Pagodes de Macau)
No Ano Novo Lunar, os devotos prestam culto à divindade correspondente à sua idade, oferendo-lhe papel-dinheiro e pivetes que são colocados nos pequenos incensórios que se encontram em frente da sua imagem.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Macau Sã Assi

É pró menino e prá menina!!!

Perigoso!

Na Taipa. Novembro, 2009