domingo, 11 de junho de 2006

Cores do Oriente

Vila Cultural de A-Má. Coloane, 2006

Peixe seco

"Estabelecimento de Comidas Tai Un", Avenida de Almeida Ribeiro. Macau, 2006

Cores do Oriente

Rua da Felicidade. Macau, Janeiro de 2006

Taipa

Taipa, Rua de Fernão Mendes Pinto. Inverno de 2006


Coloane

Coloane. Inverno de 2006

sábado, 10 de junho de 2006

A Rua das Mariazinhas

Rua de S. Domingos (Mariazinhas). Macau, Maio de 2006

«Primitivamente, as Mariazinhas limitavam-se ao troço da Rua de S. Domingos, dum e doutro lado da artéria, que vai da embocadura da Travessa da Sé até à subida para a Calçada das Verdades, em frente ao Cinema Capitol. Hoje, o conceito alargou-se, estende-se dum lado à Rua Pedro Nolasco da Silva, a antiga Rua do Hospital, até à Travessa do P. Soares, e doutro lado até ao Largo de S. Domingos. Pode-se ainda incluir nele o conjunto de lojas e lojecas da Rua da Palha até à linda Praceta que ali existe.
As minhas recordações da Rua de S. Domingos remontam à infancia. O cenário mais antigo que se me fixou na memória é provavelmente o de estar parado diante da loja de antiguidades chinesas que se anunciava, em letras brancas num fundo azul-claro, com o nome de "Pessanha-Curious". O estabelecimento ficava onde hoje se encontra a Livraria Portuguesa, ocupando talvez uma área mais pequena.
Na porta estava um homem magro, pálido, meão de altura, feições macaenses fortemente orientais e pouco cabelo. Cumprimentou os meus pais sorridente, trocaram umas palavras e seguimos adiante. Perguntei quem era. O meu pai respondeu:
- É o filho de Camilo Pessanha.»
Henrique de Senna Fernandes. «Rua das Mariazinhas», in Mong-Há, Instituto Cultural de Macau, 1998

sexta-feira, 9 de junho de 2006

Sai Van

Lago Sai Van. Macau, Junho de 2006

segunda-feira, 5 de junho de 2006

Casa de penhor

Torre prestamista (Casa de Penhores Tak Sang), na Rua 5 de Outubro. Macau, Maio de 2006

Um morcego voa
e apanha uma moeda de cobre
conduz os miseráveis para dentro da porta
O condutor é cego

Logo que um miserável entra
esconde-se por detrás do biombo
Até os seus objectos
embrulhados em folhas de um jornal já lido
são de vergonha

Entre o biombo de madeira e o balcão
entre os objectos e o recibo de penhor
os miseráveis ficam mais miseráveis

A quem interessa
outro biombo que oculte a sociedade?

Han Mu. «Casa de Penhor», in Antologia de Poetas de Macau.

Macau Património Mundial: Casa do Mandarim

«Construída em 1881, foi a residência de Zheng Guanying, importante fugura literária chinesa. Trata-se de um complexo residencial chinês tradicional, composto por várias casas com pátios interiores, revelando uma mistura de pormenores de influência chinesa e ocidental, como sejam os tijolos cinzentos, as decorações em estuque sobre as portas e as janelas com portadas cobertas com finas placas de madrepérola, de origem indiana». in «RC - Revista de Cultura», nº 15, Julho de 2005.
Encerrada temporariamente.
O Centro Histórico de Macau

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Macau di Tempo Antigo: no Bazar

Uma rua de Macau. Illustração Portugueza de 28 de Dezembro de 1908

«Tudo é alegria no Bazar, uma alegria que nos mergulha na calma tranquilidade chinesa, que nos invadem e conquista, insensivelmente, como um filtro que se absorvesse ao respirar.
A policromia das lojas; o vaivém constante duma população activa mas que desconhece precipitações; vasos de flores; os leitões assados e os patos salgados pendurados às portas, como uma tentação à voracidade dos chineses, para quem a comida é um dos maiores prazeres; as lâmpadas que começam a acender-se, como que soltando um hino à luz que os chineses adoram com verdadeira devoção pagã; a fugidias Pi-pa-t'chai que passam a caminho dos Cou-laus; todos aqueles sons do ambiente e da vida do Bazar, na atmosfera festiva do Ano Novo, vão-nos narcotizando, à mistura com o cheiro, enjoativo e doce, do ópio que anda pelo ar». Jaime do Inso, Cenas da Vida de Macau.

Bazar Grande e Bazarinho

O Bazar «era a retinta cidade chinesa de Macau», que, «partindo da raia traçada pelos Bairros do Lilau, S. Lourenço, Stº Agostinho, Largo do Senado, Monte e Stº António (...) ia desaguar, em leque, no Porto Interior»(1). Chamavam-lhe, também, Bazar Grande, para melhor se diferenciar do Bazarinho, ou Soi-Sau-Sai-Kai, como designam os chineses a Rua do Bazarinho (e que significa Rua do Marinheiro, a oeste, por forma a distinguir-se da Rua do Marinheiro, situada a sul). Esta começa junto ao Pátio da Ilusão, na Travessa do Mata-Tigre, e termina na Calçada de Eugénio Gonçalves, quase em frente à Rua das Alabardas.
No Bazar se concentrava todo o comércio, desde as lojas de quinquilharias, aos algibebes, aos ferros velhos; nele ficavam as casas de pasto ou cou-laus, as estalagens, as lojas de lotarias, as casas de fantan e as de penhor, os lupanares. «A sua população não era só constituída pelos autóctones de Macau. Havia gente oriunda das mais diversas partes da terra-china fronteiriça à cidade que ali chegava para os seus ócios e negócios (...). E não esqueçamos ainda de acrescentar que havia toda uma população flutuante e piscatória, ancorada no rio que punha pé em terra para os seus lazeres»(2).

(1) e (2) Henrique de Senna Fernandes. «Chá com Essência de Cereja», Nam Van.

«Pátio do Poeta. Só dele»

Pátio do Poeta. Macau, Maio de 2006

O sal das vozes
usurárias as palavras-pautas-palmas
Rastos de expressão os rostos
daquelas bocas de restos
Góticos os esgares
flamejantes quando esfaqueam o ar
Os dedos dados
de mãos nunca dadas
como se compassos vazios
de músicas abortadas


o cavalo alado
com a crina dos mistérios
plana
montado por omissões descodificadas
em tiras de papel qualquer
como se vozes outras
do poeta
a rasgar o tempo

João Rui Azeredo. in Antologia de Poetas de Macau.