terça-feira, 26 de novembro de 2013

Por portas e travessas (1)




Travessa dos Alfaiates. Macau, Novembro de 2013

Travessa dos Algibebes. Macau, Novembro de 2013


Estreita e comprida, a Travessa dos Alfaiates liga a Rua de Camilo Pessanha à Rua dos Mercadores. Aqui, e do lado oposto da rua, começa a Travessa dos Algibebes, cujo altar se encontra já no topo da travessa onde esta se entronca com a Rua de S. Paulo.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Taipa antiga

Rua de Fernão Mendes Pinto. Vila da Taipa. Novembro de 2013
À direita, o muro da antiga fábrica de panchões Iec Long e, à esquerda, o templo de Sam Po (classificado Património Cultural)


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O Museu Luís de Camões, por Luís Gonzaga Gomes


Museu Luís de Camões, 1963
Aguarela sobre papel de Herculano Estorninho (1921-1994)



“O Museu Luís de Camões é assim denominado por se encontrar situado no Jardim da Gruta de Camões, decerto um dos mais aprazíveis locais de Macau.
Está instalado em vetusto palacete, um dos raros exemplos de construção arquitectural dos meados do século XVIII, que sobrevive ao camartelo inexorável do incessante progresso.
Foi dono, tanto deste edifício como do amplo parque que o rodeia, o abastado negociante, Manuel Pereira, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real do Conselho de Sua Majestade, Conselheiro da Fazenda, Comendador das Ordens de Cristo e da Senhora da Conceição de Vila Viçosa, um dos fundadores da Casa de Seguros de Macau e seus Vice-presidente e Tesoureiro. Tendo-se radicado nesta cidade, aqui constituiu família, casando três vezes e aqui faleceu em 10 de Março de 1826, tendo sido sepultado na igreja do extinto Convento, hoje Quartel de S. Francisco.
Entretanto, como os chineses não consentiam a estadia permanente dos comerciantes estrangeiros, nem dos seus barcos, em Cantão, foi-lhes permitido, finda a época das transacções comerciais nesse porto, isto é, de Outubro a Março, domiciliarem-se em Macau, em moradias que os portugueses lhes alugavam, não obstante a terminante proibição em contrário do Vice-rei da Índia.
Tinha, assim, Manuel Pereira o seu palacete alugado à Companhia das Índias, inglesa, quando, em 1792, chegou a Macau Lorde George Macartney, primeiro embaixador enviado pelo Rei da Inglaterra à corte do Imperador K’in-Long (1736-1795 AD).
Servia o palacete de Manuel Pereira de residência ao Superintendente da Comissão Selecta da referida Companhia das Índias e, nas suas amplas salas luxuosamente mobiladas e com fina e requintada elegância, se aposentou o ilustre enviado de S. M. B. Jorge III, quando, em 1794, regressara, exausto e acrimonioso da corte do Filho do Céu, pelo acabrunhante desaire da sua gorada missão.
Lorde Amberts consumiu, também, merencoriamente, nas salas desse palacete, amargas horas de decepção, pois, infrutuosa foi, igualmente, a missão de que fora incumbido, em 1816, pelo mesmo Jorge III, junto de Ká-Heng (1796-1821).
Ora, já em 1883, se aventara a ideia de se adquirir esse palacete para ali se instalar um museu colonial.
Em 1885, propuseram-se os jesuítas franceses (1) comprar o palacete e o parque, para instalarem ali um sanatório. Embora o Comendador Lourenço Marques, que era, nessa ocasião, seu proprietário, por ser matrimoniado com a filha do Conselheiro Manuel Pereira, pudesse ter vendido o imóvel por belo preço, preferiu cedê-lo ao Estado, apenas por $30 000 patacas, ou seja metade da oferta proposta pelos jesuítas franceses (2). A transacção foi efectuada, no governo de Tomás da Rosa, e sancionada pelo, então, Ministro da Marinha e Ultramar, o escritor Manuel Pinheiro Chagas (3), evitando-se destarte a consumação de um sacrilégio que a História não teria perdoado, porquanto, foi na chamada “gruta”, que encabeça um morrozito, transformado em edénico jardim pelos ingleses, seus arrendatários, que, segundo a tradição, Luís Vaz de Camões, o poeta máximo da Lusitanidade, se acolhia, fugido da materialidade mundanal e da afanosa veniaga que ia pelo incipiente burgo para, solitário e meditabundo, se entregar à evocação das esplendorosas gestas nacionais, fixando-as em imperecíveis e rutilantes estrofes que vieram a constituir “Os Lusíadas”, a Bíblia sagrada da Pátria Portuguesa.
O palacete em questão sofreu, no seu interior, profundas modificações, devido às obras que houveram de se fazer, no decurso do tempo, para o adaptar às necessidades de diversos serviços que foram ali, subsequentemente, instalados: Depósito de Material de Guerra, Repartição das Obras Públicas, Repartição das Obras dos Portos, Imprensa Nacional, e, finalmente, após apropriados restauros, aberto ao público, em 25 de Setembro de 1960, em cerimónia integrada nas Comemorações Henriquinas.
Tal como se encontra, presentemente, o Museu Luís de Camões compõe-se de um vestíbulo e onze salas”.
Luís Gonzaga Gomes, "Boletim do Instituo Luís de Camões", Vol. VII, nº 3, Outono de 1973, citado pelo P. Manuel Teixeira, Toponímia de Macau, Vol I, Imprensa Nacional, 1979, pp. 226-228.
***
(1) Nota do Pabre Manuel Teixeira: “Não foram os jesuítas, mas os Padres das Missões Estrangeiras de Paris, Cf, P. M. Teixeira. A Gruta de Camões em Macau, pp. 54-54”.
(2) Nesta segunda nota o P. Manuel Teixeira  afirma que “os Padres das M. E. P. só ofereceram $35 000 e não $60 000”.
(3) Tomás de Sousa Rosa (1844-1918), 86º Governador de Macau (de 23 de Abril de 1883 a 7 de Agosto de 1886);  Manuel Joaquim Pinheiro Chagas (1842-1895) foi ministro da Marinha e Ultramar de Outubro de 1883 a Fevereiro de 1886.


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Casa Garden







Casa Garden. Macau, Outubro de 2013


“O palacete oitocentista localizado no número 13 do Largo Luís de Camões, freguesia de Santo António, foi adquirido pela Fundação Oriente em 18 de Maio de 1989, para lá instalar a sua delegação em Macau. Apesar da Gruta de Camões, um dos lugares mais emblemáticos de Macau, ter feito parte da propriedade onde se encontra o edifício, as referências ao mesmo são vagas e insuficientes. Originariamente, era uma quinta que englobava a casa e uma vasta propriedade onde se localizava a Gruta, na realidade três penedos de granito dispostos em dólmen no meio de zona muito frondosa. O edifício foi construído provavelmente em 1750, e por um português, devido à sua traça ocidental e por não ser possível, na época indicada, que europeus construíssem casa de habitação em Macau. A autorização para arrendamento de residência a estrangeiros só se obteve a partir de 1757, fruto de uma petição do Senado de Macau ao governador e vice-reinado de Goa. A Companhia Inglesa das Índias Orientais instalou-se na Casa, em 1771, tendo sido a residência do presidente do Select Committe da referida instituição. A mesma já existia em Macau, na Rua da Praia Grande, antes dessa data. O seu mais antigo proprietário conhecido foi o Conselheiro Manoel Pereira, e, aparentemente, em 1815 o palacete já era sua propriedade. No entanto, ele nunca lá viveu. Manoel Pereira faleceu em 1826, quando a sua filha herdeira tinha apenas onze meses de idade. A casa ficou conhecida não só pela sua beleza exterior e interior, como também por ter servido de alojamento a inúmeras personalidades portuguesas e estrangeiras que visitaram Macau.(…) Quando a filha  do Conselheiro Manoel Pereira, Maria Ana Pereira, se casou com o primo Lourenço Caetano Marques em 1838, a casa foi ocupada pelo casal. O mesmo tornou-se proprietário da quinta, a respeito da qual, já no século XVIII, existia a convicção que o poeta Luís de Camões tinha estado em Macau e visitado a gruta que teria servido de refúgio para as suas divagações poéticas. (…) Aparentemente, enquanto Lourenço Marques foi titular da zona da gruta, realizou uma série de obras de restauro sobre a mesma, que foram destruídas após a passagem de toda a propriedade, incluindo o palacete, para a posse do Governo.  Com efeito, prevaleceu a tese de que a área devia ser conservada o mais natural possível. Os padres Jesuítas franceses fizeram uma proposta para comprar a casa e apesar de Lourenço Marques se encontrar em dificuldades económicas preferiu vender ao Estado português por metade do preço. Era de opinião que um palacete como a casa e a gruta de Camões era património nacional e não devia ser alienado. (…)"
Anabela Nunes Monteiro. "Casa Garden", in Ditema - Dicionário Temático de Macau, Volume I, 2010.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

“Um quadro de casas velhas em vermelho-escuro"

Beco dos Fatiões. Macau, 2013

“(…) Terra de mágoa, de sono, de poesia."
"(…) lembra uma pintura, Macau, um quadro de casas velhas em vermelho-escuro de algum talento impressionista. Vermelho-escuro e arruivado de árvores anosas e invernais (…)”
Maria Ondina Braga. Passagem do Cabo. 1994