sexta-feira, 6 de julho de 2012

Vendedores Ambulantes: fotografias de Fong Chi Fung

Vendedor de balões. 1962

Vendedores de rua, Rua da Erva. 1966

Vendedores de rua, Rua da Erva. 1966

Fotografia de Fong Chi Fung do catálogo da exposição Ontem para Sempre.


"O Homem de Meia Vida"


Maria Ondina Braga
"O Homem de Meia Vida"

Era fatalmente um opiómano. Bastava lá ir um pouco antes do meio-dia e ver o olhar aflito que nos lançava, a lassidão dos seus gestos e palavras na venda da mercadoria.
A princípio julguei-o aloucado. Meia-idade, rosto simpático, embora muito emagrecido, não atendia os clientes directamente, deixando que lhe remexessem o armazém de antiguidades, indiferente, respondendo por monossílabos, arrastando os pés, suspirando.
Depois, compreendi. Lembrei-me do que lera sobre Camilo Pessanha - o "morto-vivo",  pune-tio-iane-mean, "homem de meia vida".  Também o antiquário estava meio morto. De manhã era tal o vazio do seu olhar que uma espécie de ausência lhe transparecia da presença.
De tarde, dava-se a ressurreição. Um milagre, pelas quatro horas. Fechando o estabelecimento para a sesta  (coisa rara entre os Chineses que, das dez da manhã às dez da noite, trabalham a fio, almoçando e jantando à porta da loja), ele surgia renovado, semblante vivo, verbo fluente.
Então valia a pena ir lá perguntar o preço de um buda de jade só para lhe ouvir a descrição de quantos firmamentos e dinastias ele acreditava ali, no seu antro.
A loja, escura, deitava para um barracão onde se atulhavam pedras da era do imperador Van-Li, a era em que na China se conheceram os relógios.
Ele acendia anacrónicos candeeiros coloridos, fumarentos, que davam ao aposento um ar espectral.
De tarde, amável, oferecia chá a um ou outro apreciador de trastes velhos. Mandava sentar numa concha de cadeirinha, no estofo puído de um riquexó de mandarim. Citava Confúcio: "O homem é por natureza virtuoso como a água que corre espontaneamente. É a perversidade do mundo que o corrompe." Ficava por um instante calado (comovido?). Mas logo se recompunha.
Aquele vaso ali, de bambu, pertencera a uma imperatriz célebre que o encomendara para a celebração do Tsing-Ming - o dia dos mortos, em Abril. Lá, ela devia guardar os ossos do defunto marido. Bambu era a madeira excelente, consagrada pelo Supremo, que a oferecera ao povo como a planta mais útil do mundo, de visita à terra da China. O bambu e o arroz, que chegava a frutificar três vezes por ano. Ele possuía desenhos em papel de arroz, in-fólios em fibra de bambu. Rebuscava prateleiras. Franqueava armários. Apresentava obras-primas, tesouros.
Na festa dos barcos e da deusa A-Ma, padroeira dos pescadores, feriado para os marítimos da lota do peixe, o antiquário queria saber se tínhamos provado o pudim de arroz cozido em folhas de bananeira, se, na rua, assistíramos à dança do leão.
Na festividade da primeira Lua cheia de Setembro, recomendava a subida a um monte para ver nascer o astro mais doirado e mais rotundo de todo o ano.
Nas vésperas do Ano Lunar, a loja de antiguidades alegrava-se com o ramo de flor de pessegueiro, e, no arco da porta, o lojista escrevia em caracteres doirados sobre fundo escarlate os cumprimentos da praxe: Kung Hei - Ano Feliz!
O dragão Long, o deus-bicho de cinco garras, emblema do poder imperial, símbolo do Oriente e da Primavera, com a faculdade de crescer até abarcar os céus, de sustentar a abóbada celeste, de distribuir a chuva e regular o curso dos rios, dominava, ao centro, todo de pau-santo incrustado de madrepérola.
À entrada e ao pé de uma estranho instrumento musical que o antiquário afirmava vir do tempo em que o povo venerava a música como harmonia emanada de Deus (instrumento por isso só usado pelas virgens do templo), uma tartaruga talhada em ágata simbolizava a Força. Ao lado, um baixo relevo da fénix - insígnia das imperatrizes - e os licornes que reuniam em si os elementos primordiais da Natureza: metal, madeira, água, fogo e terra. Ao fundo, a enorme esteira com a pintura da árvore sagrada - o ficus -, retorcidos, multiplicados os troncos, as raízes adventícias ondulando ao vento.
Até o antiquário era algo para além do tempo. De feições emaciadas, pele de marfim antigo, surgia entre as remotas pedras, as porcelanas, as madeiras ricas, os pergaminhos e os papéis pintados, como um fantasma, ou um sopro do espírito a registar as idades - e simultaneamente a desmenti-las.
Falava inglês e um pouco de português juntamente, trocando o r pelo l. Explicava o milagre da criação do mundo: o Grande Tai-Ki, nascido do nada, dera origem ao princípio positivo, elemento macho, Yang, que no seu ócio inventara o elemento negativo, fêmea, Yin. Daí o equilíbrio do cosmos - Yang-Yin - com o céu Yang fecundando a terra Yin, entre o pranto da chuva e o sorriso do sol, na apoteose do arco-íris a que todo o chinês devia voltar pudicamente a cara.
Provado o néctar dos deuses, o opiómano alcançara o seu logos, e interpretava-o em êxtase, como se fosse semideus.
Isto de tarde, passadas as quatro horas.
Eu ia lá de propósito para o ver e escutar. De vez em quando, as suas palavras diluíam-se em música. Punha-me a cogitar enquanto o ouvia. O gosto de decifrar enigmas... Que teria levado aquele homem ao vício do ópio? Alguma paixão frustrada, mulher ardente que o tivesse trocado por outro? Talvez um filho único, amimado (fruto desse amor?), que o desiludisse, o roubasse, o consumisse, quem sabe se fugido em Hong-Kong, metido em assaltos à mão armada, conhecendo os tratos da enxovia... "... por natureza virtuoso... o equilíbrio do cosmos..." Mas... seria necessário inventar uma causa romanesca? Não bastaria a frágil condição humana, o desgosto de viver? "É a perversidade do mundo que o corrompe."
O antiquário não lia jornais, não sabia o que se passava longe, não queria sabê-lo. Tragédias? Guerras? Reparasse naquele painel de charão - a batalha dos deuses com os monstros. Terrível! Os monstros (demónios?) ostentando halos de fogo que malevolamente se confundiam com os resplendores das cabeças divinas.
No meio das preciosidades, eloquente, eufórico, sôfrego de beleza, era agora senhor todo-poderoso de um mundo imaterial. O homem do bricabraque, o que, antes do meio-dia, gemia em vez de falar, o dos olhos de louco, pune-tio-iane-mean, o homem de meia vida.
Ah, como um bem tamanho, tanta felicidade numa espiral de fumo, iriam, na manhã seguinte, reduzir satanicamente tão sublime criatura a um verme do pó, ao mais miserável ser! Era o ópio ou a vida que fazia aquilo? Na realidade, ele só vivia depois do ópio.

Maria Ondina Braga. A China fica ao ladoLisboa, Unibolso, Bertand.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A Praia Grande, c. de 1903

 "Na Praia Grande" 
Fotografia do álbum Um Marinheiro em Macau -1903 - Álbum de Viagem de Filipe Emílio de Paiva.
Museu Marítimo de Macau, 1997

O Caso do Tesouro do Templo de Á-Má (XIII)

XIII
Um encontro inesperado


Por algum tempo caminharam os dois homens em silêncio, entregues, cada um, aos seus pensamentos, até que Lau-Sin, num dado momento, interrogou de surpresa o seu companheiro, do seguinte modo:
- Sabes onde fica a várzea "Man-Fong"?
- Sei! - respondeu embaraçado o seu interlocutor.
- Julgas que Chau-Seng foi sincero nas suas informações? - perguntou o polícia, segurando o seu companheiro com violência por um braço.
- Chau-Seng nunca é sincero. É o pirata mais desleal e traiçoeiro que conheço. Julgo que deverás pôr de parte a ideia de te encontrares com Cheng-Cheong-Van.
- Mas supões que Cheng-Cheong-Van tenha sido o assassino do bonzo Lau do Templo de Á-Má, e que fosse ele quem roubou a imagem da Santa Venerada? - insistiu Lau-Sin.
A-Sou, que assim se chamava o companheiro do polícia, baixando a voz, disse:
- Não pronuncies tão alto o nome desse facínora. Cheng-Cheong-Van é o maior criminoso que conheço. Chau-Seng tem-no sempre às suas ordens e duvido muito que o pirata seja estranho ao roubo da imagem, isto é, se Cheng foi quem de facto praticou o roubo.
- Julgas que somos vigiados? - interrogou Lau-Sin.
- Tenho a certeza de que, de hoje em diante, seremos vigiados, e parece-me que deverias deixar para amanhã o assalto ao Templo de Tin-Hau.
- Não, meu rapaz! - atalhou o polícia. - Eu não estou acostumado a contrariar os meus desejos e a desfazer os meus planos por temor de piratas e facínoras.
- Espera! - exclamou A-Sou. - Vês aquele homem que acaba de sair daquela casa? Ou muito me engano ou é o bonzo Chan. Deve andar a tratar de qualquer negócio pouco sério.
- Espera aqui! - disse o polícia. - Vou apanhá-lo de surpresa.
- Cuidado! - disse A-Sou.
Já o polícia, apressando o passo, tinha cortado o caminho por uma ruela e estava fora da vista do seu companheiro.
A-Sou, no entanto, seguia mais de perto o bonzo que, confiado de que não era vigiado, dobrava desprevenido a esquina dum prédio, que tinha fachada principal para a Tai-Ma-Lou.
No momento em que o bonzo passava junto à porta desse prédio, último do quarteirão central da Avenida, sentiu que um braço forte o agarrava por um ombro e, ao voltar-se, viu que o cano dum revólver lhe era apontado ao peito.
Dominando o embaraço, que a surpresa lhe causara, Chan, humildemente, disse:
- Que desejas tu dum pobre bonzo que não tem outra riqueza que não seja a do Céu?
Lau-Sin, sem delongas nem preâmbulos, usando ainda de mais violência, disse:
- Entrega-me o que levas contigo e não procures oferecer resistência pois, caso contrário, meto-te duas balas no peito.
- Eu nada trago comigo! - disse o bonzo que, fingindo ter escorregado, esteve prestes a escapar-se das mãos do polícia.
Este, porém, vibrou-lhe uma pancada violenta com o revólver na cabeça e, ao senti-lo desfalecer, apoderou-se do embrulho que o bonzo levava consigo.
A-Sou chegava nesse momento e Lau-Sin, segurando no embrulho com cuidado, disse:
- Agarra este homem e não o deixes fugir, que eu vou ver se a sorte me favorece.
Uma exclamação  delirante do polícia desviou a atenção de A-Sou e o bonzo, como por magia, escapava-se-lhe das mãos fugindo pela Avenida.
- Deixa-o ir - disse Lau-Sin. - Já tenho o que procurava. Eis a imagem venerada do Templo de A-Má. Agora só me resta descobrir o assassino do bonzo Lau. Vem comigo à minha hospedaria e aí estudaremos um plano que tenciono pôr em prática.
Os galos cantavam longe, e nem uma única luz, nos prédios da cidade, quebrava o mistério da escuridão da noite.

Francisco de Carvalho e Rêgo. O Caso do Tesouro do Templo de A-Má. Macau, Imprensa Nacional, 1949

terça-feira, 3 de julho de 2012

Macau, 1870

Vista panorâmica de Macau. À esquerda a igreja da Sé. 1870

Uma rua de Macau (rua da Alfândega?), 1870

Vista panorâmica a partir da colina de S. Francisco, 1870

As ruínas da Igreja da Madre de Deus. S. Paulo, 1870




O Caso do Tesouro do Templo de Á-Má (XII)

XII
Uma entrevista perigosa

Numa ampla sala do Hotel "Tai-Tong", situado na avenida perpendicular à extremidade Leste da Avenida Marginal, grande era o número de convivas que desfrutavam os prazeres e o encanto dum "Fá-Téang".
A um canto, a orquestra enchia o ar de harmonias estranhas e as cantoras sucediam-se, umas após outras, trajadas de seda de cores discretas, lançando no espaço suas vozes guturais, sempre encobrindo parcialmente os rostos com o tradicional leque da etiqueta.
As mesas de jogo tinham acabado de ser abandonadas pelos jogadores que desemperravam o tronco entorpecido espreguiçando-se junto às janelas, para inspirarem profundamente o ar puro e fresco do exterior.
Os criados colocavam sobre a mesa central uma grande tábua redonda e, sobre esta, eram colocadas tigelas e pequenos pratos, recipientes com mostarda e "sutate", etc., o que indicava que a ceia seria brevemente servida.
Na cama de ópio, colocada mesmo à entrada, dois homens conversavam e fumavam, como que alheios a tudo o que se passava.
Um era corpulento e de aspecto decidido, e o outro era pequeno de corpo, tendo, porém, no olhar uma certa firmeza penetrante, que feria e indispunha.
Já as primeiras toalhas molhadas tinham sido distribuídas aos convivas que, num à vontade extremo, limpavam a cara, não esquecendo as mais recônditas cavidades dos ouvidos, quando à porta assomaram  dois homens, que outros não eram que Lau-Sin, em admirável disfarce, e o seu companheiro.
Este, num rápido golpe de vista, deu com os olhos na cama de ópio e, fazendo sinal ao polícia, para lá se dirigiu.
Deitados estavam e deitados ficaram os dois fumadores, como se ninguém se tivesse aproximado, até que o companheiro de Lau-Sin, dirigindo-s ao mais pequeno de corpo, disse:
- Tomei a ousadia de vir até aqui para te apresentar o Sr. Kuan, que deseja falar-te sobre assunto de importância.
Deixando de fumar, o homem, de físico acanhado, cravou um olhar profundo no desconhecido e exclamou:
- Eu sou Chau-Seng! O seu nobre nome?
Lau-Sin, fazendo uma vénia respeitosa, murmurou com ar acanhado:
- Talvez seja ousadia minha levantar os olhos para ti, que tão poderoso és, porém, assunto de muito interesse trouxe-me até esta cidade e espero que não levarás a mal este meu procedimento. O meu humilde apelido é Kuan e tenho moradia no distante e rico distrito de Hèong-San.
Chau-Seng, imóvel, sempre fitando o seu interlocutor, fez sinal ao seu companheiro para que abandonasse a cama de ópio e exclamou:
- Toma lugar. Cearás comigo e, depois da ceia, conversaremos.
Momentos depois, a ceia era servida.
Ligeiras impressões foram trocadas entre o polícia e o pirata, durante o decorrer da refeição.
À mesa redonda, Chau-Seng tomou o lugar que ficava de costas para a porta de entrada e deu a Lau-Sin aquele que, enfrentando-a, lhe era oposto.
Segundo a ordem da importância dos convidados, assim foram distribuídos os lugares, sendo os de menor representação os que estavam à direita e à esquerda do ofertante.
Os convivas serviram-se dos aperitivos que constavam de pernas de rã fitas e fígados e moelas de pato com olhos de bambu.
E feita a primeira saúde com o precioso vinho de orvalho de rosas, segui-se a tradicional sopa de barbatanas de tubarão com coral de caranguejo.
Mal tinham sido retiradas as tigelas, onde tinha sido servida a sopa, foi colocada no meio da mesa uma travessa de galinha com nozes. Ao delicado prato seguiu-se um apurado caldo de cogumelos. Grandes camarões fritos, com molho de tomate, fizeram, então, as delícias dos convidados. Uma galinha assada, de pele tostada, veio ocupar o lugar da vazia travessa dos camarões e, devorada num abrir e fechar de olhos, viu-se substituída por engrossada sopa de milho, com galinha picada.
Então, em descomunal travessa, apareceu a apreciada garoupa com molho doce e ácido, prato que foi seguido de um caldo de búzios com pato-verde. Para finalizar a primeira parte da ceia, foi então servido o delicado prato de awabi com molho de ostras.
Após uma pequena pausa, foi servido o doce de sementes de lótus e creme de amêndoas.
Para finalizar veio, então, para a mesa o arroz branco, chouriço, ovos salgados e peixe salgado.
E, com a chávena de chá da tradição, deu-se por terminada a refeição.
Lau-Sin e Chau-Seng afastaram-se então para uma saleta contígua à sala da ceia, e entre eles travou-se a seguinte conversa:
- Julgo - disse Chau-Seng - que só um assunto de muita importância poderia trazer-te à minha presença e, confesso, estou com certo interesse de saber a que vens.
Lau-Sin, aparentando acanhamento, respondeu:
- É de meu único interesse o assunto que aqui me traz e tu poderás auxiliar-me, para o que darei o que julgares bastante para pagar a tua informação.
- Diz! - exclamou o pirata cravando no polícia um olhar fixo e incomodativo.
- Sou rico - continuou Lau Sin - mas, não julgues que desta declaração poderás tirar qualquer partido, porque não me dotou o Céu de descendência, e todos aqueles, que poderiam fazer por mim qualquer sacrifício, já não se contam entre os vivos. Qualquer tentativa tua, portanto, para me deter em teu poder, aguardando resgate, não seria de resultado vantajoso, porque só eu poderia dispor do que é meu e, crê-me, quando vim procurar-te vim determinado a encarar o pior. É portanto de vantagem para ti aceitar o que te ofereço porque, de mim, nada mais levarás.
Chau-Seng, encarando o seu interlocutor com olhar desconfiado, disse:
- Vejo que estás acostumado a tratar com homens da minha espécie mas ... não percamos tempo e continua.
Lau-Sin, então, falou assim:
- Há meses, na cidade que os Portugueses têm à porta da baía, foi roubada do Templo de A-Má a imagem da Deusa do Céu e eu, que tenciono acabar meus dias na Bonzaria do Templo, gostaria de actuar de modo a poder restituir-lhe a imagem roubada. Sei que esta se encontra no Templo de Tin-Hau desta cidade e estou disposto a dar-te por ela o que pedires.
Chau-Seng permaneceu calado por momentos e depois disse:
- Não tive interferência no roubo da imagem, se bem que saiba quem foi que a retirou do Templo de A-Má. Prefiro não me envolver nessa espécie de negócios porque sou crente e posso ganhar da Terra o que escuso de roubar ao Céu.
- Lastimo que não possamos entender-nos neste negócio e mais lastimo ainda ter de sair desta cidade sem realizar o meu desejo - declarou Lau-Sin.
- Não sei porque! - observou o pirata. - Quem roubou a imagem do Templo de A-Má não o fez por devoção, mas sim por mando de devotos. Quem uma vez foi sacrílego por dinheiro recebido, poderá sê-lo pela segunda vez. Vai à várzea "Man-Fong" e aí procurarás Cheng-Cheong-Van e, ao vê-lo, estarás em presença do homem que desejas encontrar.
- Agradeço a tua indicação e, se algum dia precisares de mim, procura-me. E após uns rápidos cumprimentos de despedida, Lau-Sin e o seu companheiro encontravam-se na rua a caminho do Templo de Tin-Hau.

Francisco de Carvalho e Rêgo. O Caso do Tesouro do Templo de A-Má. Macau, Imprensa Nacional, 1949