A grande praia...
Grande
Ondulante serpente
aos pés do dragão
Todo o tempo
por ti passou...
e as tuas pedras
ficaram mudas
Albergas agora memórias
em cócoras de longas barbas
de complicados xadrezes
E os pares!
Que na novidade de um beijo furtivo
Te dão o sangue
e o futuro
Fernando Sales Lopes. Pescador de Margem. Livros do Oriente, 1997
domingo, 20 de janeiro de 2008
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
«Via-se dali a ilha toda»

«Quando o Sol descia no mar, o morro, ao cabo da ilha, era um archote flamejante. Parecia que o mundo ia acabar ali, ou talvez começar, que novas formas, ou o nada, surgiriam, definitivas, da massa ígnea dos elementos - terra argilosa, céu e água ardendo ao sopro do Espírito - e que o tempo que havia de suceder-se seria o dia perfeito da natureza depurada.
A-Mou, que tinha na face rosetas de lepra, todos os dias saía a admirar o espectáculo do entardecer, trémula de inquietação e de esperança.
Era a hora em que as outras doentes se acolhiam ao canto dos catres, ou porque o Sol, espelhando-se no mar, lhes feria os olhos infeccionados, ou apenas por inexplicáveis, secretas superstições.
A-Mou era jovem, e a doença, ainda no princípio, não lhe causava sofrimento. Verdadeiramente, só tinha as rosetas. O médico prometera-lhe cura. Ela gostava de viver, de se aformosear com cabaias garridas, flores no cabelo, laca nas unhas.
Pelo fim da tarde, levando ao colo o seu favorito - um porquinho-da-índia que lhe dormia aos pés da cama como um gato -, A-Mou subia até ao mais alto do morro, sonhando com um amanhã novo, diferente, melhor.
Via-se dali a ilha toda: os talhões pantanosos de arroz fulgindo aos últimos raios de sol, nos vales; os arbustos de chá e de inhame em socalcos pelas encostas; as pedras negras e amarelas por entre as matas sempre verdes de abetos. E ver a ilha era, de certo modo, contemplar o mundo, vislumbrar a vida para além da leprosaria (...)».
Maria Ondina Braga. «Os Lázaros», A China fica ao lado. Bertrand, Unibolso.
A-Mou, que tinha na face rosetas de lepra, todos os dias saía a admirar o espectáculo do entardecer, trémula de inquietação e de esperança.
Era a hora em que as outras doentes se acolhiam ao canto dos catres, ou porque o Sol, espelhando-se no mar, lhes feria os olhos infeccionados, ou apenas por inexplicáveis, secretas superstições.
A-Mou era jovem, e a doença, ainda no princípio, não lhe causava sofrimento. Verdadeiramente, só tinha as rosetas. O médico prometera-lhe cura. Ela gostava de viver, de se aformosear com cabaias garridas, flores no cabelo, laca nas unhas.
Pelo fim da tarde, levando ao colo o seu favorito - um porquinho-da-índia que lhe dormia aos pés da cama como um gato -, A-Mou subia até ao mais alto do morro, sonhando com um amanhã novo, diferente, melhor.
Via-se dali a ilha toda: os talhões pantanosos de arroz fulgindo aos últimos raios de sol, nos vales; os arbustos de chá e de inhame em socalcos pelas encostas; as pedras negras e amarelas por entre as matas sempre verdes de abetos. E ver a ilha era, de certo modo, contemplar o mundo, vislumbrar a vida para além da leprosaria (...)».
Maria Ondina Braga. «Os Lázaros», A China fica ao lado. Bertrand, Unibolso.
Igreja de Nossa Senhora das Dores
Dedicada a Nossa Senhora das Dores, esta pequena igreja foi construída em 1966 e contou com a colaboração de dois escultores italianos, Franscisco Messima e Oseo Acconci.
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sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Cozinha Ambulante
Escreveu o Padre Teixeira (na sua Toponímia de Macau): «Deu-se-lhe este nome [à rua da Palha] devido à palha que lá se vendia, o que foi proibido em 1828, como se vê do seguinte:
"(...) Eu Mandarim Cso-Tam, faço saber, por este, a todos os Chinas, que tendo por noticia, que na rua, q. vai para Sm. Paulo atraz de S. Domingos, se está vendendo palha, impedindo-se desta maneira o caminho com o perigo de fogo, deve-se por isso prohibir; por tanto mandei publicar este Edital, para q. todos os vendedores de palha saibão, e obedeção, e não vendão mais palha na ditta rua, com communicação de serem agarrados, e castigados (...)"».
"(...) Eu Mandarim Cso-Tam, faço saber, por este, a todos os Chinas, que tendo por noticia, que na rua, q. vai para Sm. Paulo atraz de S. Domingos, se está vendendo palha, impedindo-se desta maneira o caminho com o perigo de fogo, deve-se por isso prohibir; por tanto mandei publicar este Edital, para q. todos os vendedores de palha saibão, e obedeção, e não vendão mais palha na ditta rua, com communicação de serem agarrados, e castigados (...)"».
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
Povoação de Hac Sá


O pequeníssimo templo da povoação de Hac Sá, com apenas uma câmara, é dedicado a Hung Seng, deus protector dos residentes.
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