quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O templo de Kuan Tai

Altar-mor - onde «campeia o barbudo Kuan Tai, tendo à sua direita Chau Chong e à esquerda Kuan P'eng e em frente um pequeno Kuan Tai para as procissões» - do templo de Kuan Tai ou Sam Kai Vui Kun, em S. Domingos (Macau, Outubro de 2008).

«Kuan Tai é uma divindade taoísta, adorada também pelos budistas.
Quem é Kuan Tai?
É o deus da guerra e tem vários nomes: Kuan Kong, Kuan Yu, Kuan Tai e Wu Tai.
O seu nome pessoal era Chang Sheng, que ele depois mudou para Chou Chang, tomando também o de Yun Chang; é também conhecido
por Kuan, da família Yu, e ainda por outros sete nomes. Nasceu em Shansi em 162 A.D..
Começou por vender feijões; depois, deu-se ao estudo. Um dia, escapou-se do quarto em que os seus pais o haviam encerrado por castigo, matou um magistrado, que queria forçar uma rapariga a ser sua concubina e fugiu.
Depois de chegar a Cho Chou, em Chihli, teve uma pega com o carniceiro Chan Fei; acudiu Liu Pei, a separá-los e os três tornaram-se amigos íntimos.
A seguir, fizeram o famoso "Juramento no Pomar dos Pêssegos", comprometendo-se a ajudar-se mutuamente, a viver e a morrer juntos; ficaram conhecidos pelos "Irmãos do Pomar dos Pêssegos".
Kuan Kong é o mais famoso herói militar da China. Em 1120 A.D. foi nomeado Duque Fiel e Leal; 8 anos depois, Príncipe e Pacificador Magnífico. O imperador Wen (A.D. 1330-3) intitulou-o Príncipe Guerreiro e Civilizador; o imperador Wan Li (1573-1620) deu-lhe o título de Grande Ti ou Tai, Fiel e Leal, Sustentáculo do Céu e Protector do Reino, tornando-se assim um deus, adorado como Kuan Ti ou Wu Ti ou Tai, o deus da guerra. Havia na China 1600 templos em sua honra e milhares de outros mais pequenos, sendo um dos deuses mais populares do país.
É também patrono da literatura, sendo adorado pelos literatos por ser capaz de repetir do princípio ao fim os "Comentários de Tsó sobre os Anais" (Ch'un ch'ui Tso Chuan).
Nas imagens adoradas pelos letrados, Kuan Tai segura este livro na mão direita e é acolitado por seu filho adoptivo Kuan P'eng, que está à sua direita e oferece um chapéu académico aos candidatos a letrados.
Geralmente é adorado com deus da guerra, da literatura e das riquezas, segundo as necessidades de cada localidade. É ainda patrono das lojas de penhor e de antiguidades.» (Padre Manuel Teixeira, Pagodes de Macau).

O templo situa-se junto ao Mercado de S. Domingos, na zona do antigo Bazar chinês. A sua construção deve remontar a 1750 - data referida pelo Padre Teixeira e por Leonel Barros -, tendo sido restaurado em 1793, 1805, 1836 e 1893.
Encontra-se este templo ligado à Associação das Três Ruas, Sam Kai Wui Kun, «a mais antiga associação chinesa que se instituiu nesta cidade a fim de promover o bem estar» (Gonzaga Gomes, em Curiosidade de Macau Antiga), tendo sido fundada pelos moradores das três primeiras ruas de comércio que existiam em Macau, isto é, a dos Ervanários, a das Estalagens e a dos Mercadores, esta última conhecida por Rua do Acampamento - Iêng Tei Kái - por nela, ou próximo, terem acampado as primeiras tropas portuguesas.

No pequeno átrio fronteiro ao templo - que serve habitualmente de estacionamento de motorizadas - realiza-se no 8º dia do 4º mês lunar a festividade do Dragão Embriagado ou Tchoi-Lông.


O Centro Histórico de Macau

Rede do Património Cultural de Macau: Sam Kai Vui Kun (Templo de Kuan Tai)

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