sexta-feira, 23 de julho de 2010

A Árvore Sagrada

Vamos amiga, minha sombra
Já sumiram as pegas desenganadas
Na escuridão da noite
Só o silêncio acolhe o coaxar dos sapos
Atirando para a orla do céu
A lua enferrujada

A oriente, o sol sangrento ascende
Na luz da aurora um pássaro azul desperta
Debica o puro e fresco orvalho
Vem, estende as mãos, desanuvia o céu
Deixa a madrugada revelar o matiz de cristal
Ousa a nudez primeva, com candura
Lava-te na luz da alva como um recém-nascido

Se o deserto odeia a sua própria aridez
Se transplantar uma vida é uma lenta agonia
Confia no tronco que emerge do chão profundo
Rompe o círculo dos anos no corte do lenho
Livra a alma, arranca das areias a barba estéril
Deixa o universo rodopiar num torvelinho
Arrastando para longe as suas raízes.
Gao Ge. Poemas. Colecção Escritas de Macau. Instituto Português do Oriente, 2007. (Poemas de Gao Ge traduzidos para português por Fernanda Dias segundo tradução literal comentada por Stella Lee Shuk Yee)

Biografia Sumária do Poeta Gao Ge publicada no livro Poemas:

"Gao Ge, poeta de Macau, nasceu em 1940, em Fujian. O seu nome oficial é Huang Xiaofeng.

É licenciado em letras pela Universidade de Xiamen. Fez o mestrado em Educação na Universidade de Wuhan e o Doutoramento em História na Universidade de Jinan.

Reside em Macau desde os anos setenta, onde se tem dedicado ao ensino da História da Arte.

Tem vasta obra poética e didáctica publicada em língua chinesa, e desenvolveu actividade editorial nas seguintes publicações:
Editor da página de letras do Jornal Hua Qiao
Editor da Revista de Cultura de Macau desde 1980.

É membro fundador da Associação de Escritores de Macau e Presidente da Associação de Poesia "Maio".

Actualmente ensina "História da Cultura de Macau" e "História Universal da Arte" no Instituto Politécnico de Macau".

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