quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Bombero di Macau"

 Doca de Lamau, 1970.
Fotografia de Ou Ping do catálogo da exposição 
Uma Viagem no Tempo - Fotografias de Macau por Ou Ping, 2005


Bombero di Macau
Téng-téng! Téng-téng!
Caréta vemêlo,
Tôsco, cumprido, vêlo,
Inchido di nhu-nhum bombero,
Ta corê dizenfreado,
Ramendá elefánti assanhado,
Pa vánda di Tarafero

Téng-téng! Téng-téng!
Caréta dizengonçado,
Arto, largo, pesado,
Nom-têm fim di corê.
Nhu-nhum rópa-ganga azulado,
Ramendá chonto di sodado,
Ta vai guéra combatê.

Téng-téng! Téng-téng!
Quim sentado, quim empê,
Ninguim susto morê.
Fio na mám, gonchông, gonchông,
Sinéta cantá téng-téng,
Gente na rua corê vai-vêm,
Fuzí di caréta volontrôm.

Capacete cubrí cabéça,
Quinzéna botoado péssa-péssa,
Bota arto, grôsso na pê,
Machado marado na cintura,
Nhu-nhum inchido di bravura,
Sabe cuza ta vai fazê.

Comandánte Sium Capitám
Gaudêncio Conceição(*),
Inculido na charéta
Di su motoçáica ligéro,
Tá vai diánte di bombero,
Sai mám badalá sinéta.

Quelora ilôtro chegá,
Olá fogozarám ta quimá
Casa arto qui arto,
Co porta, chám di sobrado,
Janela na diánte, na lado
Co unga porçám di quarto-quarto.

Gente encafulado na casa, 
Mêdo morê assado na braza. 
Jóvi-jóvi botá fuzí, 
Vê-lo-vêlo cai sentado; 
Quiança-quiança na chám pinchado,   
Tudo gritá "cudí!"  
(...)

Sã assi nôsso bombero,
Roda di áno intéro.   
Sol, chuva, tufám, 
Anôte, dia-dia, madrugada, 
Bombero, nôsso ánjo-guarda, 
Pronto pra fazê salvaçám.

Um-cento áno di vida, 
Ocupado cudí gente-sua vida. 
Sodado di paz, sacrificado, 
Um-cento vez isquecido; 
Herói disconhecido, 
Gente di nómi apagado.
(...)
José dos Santos Ferreira (Adé). Macau Sã Assi. Fundação Macau, 1996


(*) Gaudêncio da Conceição foi Comandante da Corporação dos Bombeiros de 1921 a 1935.  Foi também Comandante do Corpo de Polícia de Segurança Pública de Macau (1924-25, 1926 e 1930-31).

Sem comentários: