sábado, 13 de setembro de 2008

A festa da Lua ou do Bolo de Bate Pau

No «Corredor dos Cem Passos» do Jardim de Lou Lim Ieoc. Macau, Setembro de 2008

Na China, a festa da lua toma a particularidade de estar associada ao Bolo Lunar, que em Macau é conhecido por bolo «bate-pau» - (...) Lua cheia, em miniatura, / é um bolo “bate-pau” (...)» (do Padre Benjamim Vieira Pires) -, por serem retirados «à paulada» das pequenas formas de madeira – e que se oferecem, neste dia, a amigos e familiares. Fabricados com farinha acinzentada - da cor da Lua - estes bolos de bate-pau são recheados ou com carnes e toucinho, ou com cascas de tangerina, ou, ainda, com diversas variedades de sementes, como as de lotus, de pevides, amêndoas ou pinhões. Alguns são ainda enriquecidos com uma ou mais gemas de ovo salgado. O imprescindível ut-pèang, ou bolo lunar (ou bate-pau), apresenta na face superior, em alto-relevo, as imagens ou os caracteres que simbolizam o coelho ou a rã de três patas, personagens lendários que habitam na Lua.
A lenda do Coelho ou Lebre Lunar remonta a tempos muito antigos e as suas origens ao budismo indiano. Nesses tempos muito remotos viveu uma lebre cujas virtudes eram enaltecidas pelos restantes animais, tal era a sua generosidade e disponibilidade para ajudar os mais fracos. Quis conhecê-la Buda que, de visita aos seus discípulos, se encontrava por perto do sítio onde a lebre vivia. Cansado da longa jornada, adormeceu e, enquanto dormia, transformou-se num monge mendigo cuja imagem causava pena. Todos os animais se prontificaram para o ajudar, oferecendo-lhe fruta e peixe. Mas o monge não comia. Desolados, pois viam o monge a definhar, os animais resolveram chamar a lebre a quem lhe explicaram a situação. Esta, comovida, ofereceu-se para alimento do monge, já que estava convencida de que a carne de caça fresca poderia salvá-lo. E, perante o espanto dos outros animais presentes, preparava-se para se lançar à fogueira quando se deteve. Não tinha o direito de sacrificar os parasitas que habitavam no seu corpo. Sentou-se e começou a catar-se. Por fim, após ter retirado todos os parasitas do seu pelo, a lebre encaminhou-se para a fogueira. Nesse momento, desperta o monge que, ao acordar, retoma a forma de Buda e impede o sacrifício da lebre. À lebre, concedeu Buda um lugar no panteão lunar. A sua imagem - conhecida por «Coelho de Jade» ou «Coelho Lunar» - é representada por uma lebre ou coelho de patas dianteiras curtas e patas posteriores longas que, num almofariz, tritura sabiamente o elixir de jade ou da imortalidade.

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