quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Tchêk-Noi, a tecedeira

Conta uma lenda muito antiga que, uma vez por ano, as pegas desaparecem da terra e formam, com as suas asas, uma ponte no céu estrelado para que Tchêk-Noi, a tecedeira, e o seu pastor, Ngau-Ióng, se possam encontrar na noite do sétimo dia da sétima lua.

Tinha o Imperador de Jade, Iok Vong, sete filhas muito formosas. Embora Tchêk-Noi fosse a mais prendada das sete irmãs, contudo eram todas excelentes bordadeiras e tecedeiras e, por isso, responsáveis pelo guarda-roupa da corte divina.

Ora, ao saber dos amores de Tchêk-Noi por Ngau-Ióng, a Deusa-Mãe decidiu separá-los, enviando para o exílio na Terra, a estrela pastor. Em sua defesa esteve Taurus, também ele uma estrela, que por essa razão seria igualmente exilado para a Terra, onde se transformou no búfalo companheiro e conselheiro de Ngau-Ióng.
No céu, Tchék-Noi morria de saudades. Mas num dia em que, juntamente com as irmãs, a tecedeira desceu à Terra para se banhar num lago, ouviu o som da flauta que o pastor tocava. Tchék-Noi já não regressou ao palácio celeste, juntando-se ao pastor. Viveram escondidos dos deuses durante alguns anos, o pastor lavrando o campo com a ajuda do búfalo, a tecedeira fazendo tecidos e cuidando dos dois filhos gémeos, que entretanto tinham nascido.
Os deuses, no céu, não se conformavam com a ausência de Tchék-Noi, pois ela era, das sete irmãs, a que melhor tecia. Exigindo o regresso da tecedeira, o Imperador de Jade ordenou ao cão celeste que a procurasse.
Descoberta pelo cão, Tchék-Noi foi obrigada a regressar à corte celeste. O pastor não se conformou e preparou-se para, juntamente com os filhos, se juntar a Tchék-Noi. Nesta viagem para os céus valeu-lhe a ajuda do seu companheiro búfalo, que arrancou os chifres e transformou-os numa barca voadora. Mas, a Deusa-Mãe, entretanto alertada, para impedir que se juntassem de novo, tirou da cabeça o alfinete e com ele desenhou um risco, que imediatamente se transformou num impetuoso rio - a Via Láctea. De um lado ficaram três estrelas, Ngau-Ióng e os dois gémeos. Do outro, uma única estrela, Tchêk-Noi, a tecedeira. As pegas, compadecidas de tão grande infelicidade, decidiram formar, uma vez por ano, no sétimo dia do sétimo mês de cada ano lunar, uma ponte sobre o rio, para que eles se possam encontrar.

A esta lenda encontra-se associada uma festividade - a Festividade das Sete Irmãs ou Tch'at Tché -, dedicada apenas às mulheres solteiras. Em pequenos altares colocados à porta de casa, nos quintais ou nos terraços, as jovens solteiras colocavam oferendas diversas, como pentes e enfeites para o cabelo, incenso, flores, fruta e bolos.

Sem comentários: