sexta-feira, 27 de março de 2009

Mercados

Na zona dos Três Candeeiros (rotunda Carlos da Maia). Macau, Março de 2009

É um dos mercados mais populares de Macau, que se encontra instalado na zona dos Três Candeeiros, mais precisamente na faixa que parte da rotunda Carlos da Maia, nas ruas Fernão Mendes Pinto, Tomé Pires, da Emenda ou do Rebanho, em tendinhas ou pequenas lojas.
Aqui se vende roupas e calçado, malas, toalhas e edredões. Artigos de culto, flores e plantas envasadas.
E, sobretudo, géneros alimentícios: peixe salgado, mariscos secos de todas as espécies, pato e porco assado, galinhas e ovos, fruta e hortaliças.
Algumas cozinhas ambulantes e pequenos restaurantes.
Um mundo que fervilha. De gentes que se abastecem e enchem as ruas estreitas, de motociclos e de bicicletas que circulam por entre as pessoas, de carrinhas que descarregam mercadorias.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Muralha da Fortaleza de São Francisco

Muralha da Fortaleza de São Francisco. Macau, Março de 2009

O topónimo de São Francisco - que na toponímia chinesa toma a designação de Ká Si Lán Má Lou e Ká Si Lan Fá Yun (respectivamente, Estrada e Jardim dos Castelhanos) - deve-se ao antigo convento fundado, em 1580, por franciscanos castelhanos. Demolido em 1864, foi nesse local construída a Fortaleza de São Francisco.

Rede do Património Cultural de Macau: Muralha da Fortaleza de S. Francisco

O Triciclo

No Largo de S. Domingos. Macau, Março de 2009

O Triciclo

O triciclo corta a chuva devagar
deixando atrás a espuma breve do esforço.
Vestido de plástico amarelo o condutor
inclina a cabeça coberta por um chapéu de palha,
cai-lhe a água sobre as mãos
fincadas no gasto guiador.
O seu mundo é o das ruas
e das praças, o suor
a escorrer nos músculos das pernas.

Come pouco, fuma em silêncio
enquanto está sentado, à espera
de turistas, e de velhas chinesas
que vêm do mercado.

António Augusto Menano. «O triciclo», in Antologia de Poetas de Macau.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Martinete Chorão em flor

Macau, Março de 2009

Martinete Chorão no jardim de Lou Lim Ieoc. Floresce em Março, ainda no Inverno. Formando espigas, as suas flores parecem lágrimas vermelhas.

Calçada do Embaixador

Calçada do Embaixador. Macau (Janeiro de 2008)

O embaixador, que dá o nome à calçada, foi Alexandre Metelo de Sousa Meneses. Desembarcou em Macau em Junho de 1726, «enviado por D. João V como seu embaixador ao imperador de China Yung Ching, perseguidor da Igreja» (P. Manuel Teixeira, Toponímia de Macau, vol. 2, p. 253).
Estreita e com alguns degraus, a calçada liga a Rua da Tercena à Rua de Santo António.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Minha Amada

Mok Min, árvore do algodão ou Falso Kapok (Bombax Ceiba). Macau, Março de 2009

Minha Amada

Esta manhã Março enfeitou-te
com o ouro fulvo dos botões do kapok.
Entregas-te aos meus olhos voluptuosamente
mas pareces uma rapariguinha com um vestido novo.

Em todas as línguas que sei, cidade,
te digo que te amo
com um amor insidioso e letal
como dantes se amavam os amantes.

Fernanda Dias. Horas de Papel (Poemas para Macau). Livros do Oriente, 1992

Jardim de Luís de Camões

Jardim de Luís de Camões. Macau (Março de 2009)

«(...) Mas a verdadeira consagração do lugar, a que fala religiosamente ao coração de todo o português, que invade as tortuosas veredas do jardim, escusava dizê-lo, não está no busto de bronze, nem nos festões floridos, nem nos maus sonetos louvaminheiros; (...) não está nos vasos chineses com begónias ou gerânios, ou com arbustosinhos cortados à tesoura segundo a fantasia indígena.
(...)
O que se impõe ao nosso espírito, é a grandeza desta mesma vegetação rude e espontânea, que espadana cheia de seiva zombando da tesoura dos serviçais; é a face limosa das pedras abruptas, chorando pelas fendas pequenas gotas de água, como lágrimas de saudade; é a solidão das áleas sombreadas, que o acesso pedregoso torna pouco apetecíveis aos passeantes; é o encanto dos seus panoramas.
(...)
Se alongarmos depois o passeio, embrenhado-nos sempre por entre as matas sussurrantes, onde reina uma meia luz esverdeada, chegamos ao limite natural do jardim, o despenhadeiro quase a pique nas rochas, em parte mascaradas pelas moitas das mimosas e pelas ramadas das trepadeiras. Alarga-se então o horizonte. Vê-se em baixo a cidade, a amálgama prodigiosa das negras casas chinas, a linha serpeada das vielas; e chega-nos confuso o som de mil pregões dos bazares, o papear insólito dos garotos, o ruído dos tantãs e foguetes festivos. Vê-se o leito lodoso do porto interior, juncado de lorchas de comércio oferecendo à brisa as suas grandes velas de esteira; centenas de pequenos tankás navegam em todas as direcções; amarram, junto à barra, as canhoneiras de guerra; e à direita, do lado oposto, destaca-se viçosa uma ilhota, a ilha Verde, onde agora fumaça a alta chaminé de uma fábrica de tijolos. (...)» Wenceslau de Moraes. «A Gruta de Camões», in Traços do Extremo Oriente (1890).

É, a par do Jardim de S. Francisco e do jardim interior do Leal Senado, um dos mais antigos jardins de Macau. Situado na colina de Patane, então nos limites da cidade, o local ocupado pelo jardim era propriedade do conselheiro Manuel Pereira, e nele foi construída, em 1770, a residência do conselheiro (a Casa da Gruta de Camões ou Casa Garden) que, posteriormente, foi alugada à Companhia das Índias Orientais. «Assim, foram os ingleses que, ao gosto romântico da época, criaram, sob cerrado arvoredo, estreitas alamedas seguindo a orografia do terreno, para o que mandaram, inclusivamente, vir jardineiros de Inglaterra»(A. Estácio e A. Paula Saraiva, Jardins e Parques de Macau) e a eles se devem os numerosos exemplares da flora - da China, da Índia, da Malásia e da Indonésia - reunidos no jardim.
Após a extinção da Companhia das Índias Orientais, em 1833, a propriedade voltou a ser administrada pela família do conselheiro Manuel Pereira e foi o seu genro, o comendador Lourenço Marques, que em 1840 mandou colocar o busto do poeta Luís de Camões, da autoria do escultor português Manuel Maria Bordalo Pinheiro. «A Gruta foi em 1886 limpa de todos os "melhoramentos" de Lourenço Marque - o minarete coberto com o telhado chinês, o pórtico de alvenaria com as canelas de madeira, o reboco dos penedos, enfim todas as excrescências». (P. Manuel Teixeira. Toponímia de Macau, vol1, p.213)

terça-feira, 10 de março de 2009

Dias Cinzentos

Praça de Jorge Álvares (Março de 2009)

Dias cinzentos, céu encoberto, turvo de neblinas ou nevoeiros. A cidade amanhece e anoitece coberta de um manto de neblina, húmida e escorregadia, desagradável e deprimente. E, «(...) só compreendem os que já por longo tempo habitaram as costas da China, e que por experiência conhecem a tristeza dos fastidiosos meses de Fevereiro e Março, invariavelmente turvos, frígidos, desoladores (...)» (Wenceslau de Moraes, Traços do Extremo Oriente, 1890)

Vida de cão

Macau, 2009

sexta-feira, 6 de março de 2009

Miradouro da Taipa

Miradouro Dra. Laurinda Marques Esparteiro, na Taipa

«O que torna este espaço digno de registo é a forma invulgar das suas peças - escadas, vedações e mesas - de que existem variados modelos, denunciando uma fértil imaginação, com a particularidade de todas se adaptarem ao terreno, permitindo a protecção e o embelezamento de um íngreme talude» (António Estácio e António Paula Saraiva, Jardins e Parques de Macau, IPOR, 1993)

Sobranceiro à antiga Praia de Nossa Senhora da Esperança - praia já desaparecida devido aos aterros para a construção do istmo de ligação da Taipa a Coloane (1968) e, mais recentemente, do Cotai, o jardim-miradouro Laurinda Marques Esparteiro, esposa do governador Joaquim Marques Esparteiro, foi construído entre 1954 e 1955.

O beijo

Retrato de casamento. Taipa, Fevereiro de 2009

Orelha de Elefante

Em Coloane, junto ao Pátio do Velho e da Biblioteca.
Na Taipa, Rua da Restauração.

Conhecida pela designação de "Orelha de Elefante" devido à grande dimensão das suas folhas, a Macaranga tanarius, pertencente à família Euphorbiaceae, é uma árvore de pequeno porte, de folha persistente e rápido crescimento. Originária do Sudeste da Ásia e Austrália, desenvolve-se bem em solos pobres e mesmo nas areias das praias, por ser tolerante à salinidade.
Em Macau, encontram-se exemplares no parque de Seac Pai Van (Coloane), sendo muito utilizada como árvore de arruamento.

Fontes:
António Estácio. Parque de Seac Van. Câmara Municipal das Ilhas, 1995
Wang Zhu Hao. Árvores de Macau. Vol I. Câmara Municipal das Ilhas, 1997
Wikipedia: Macaranga


terça-feira, 3 de março de 2009

Transporte de Peixe (2)

Transporte e entrega do peixe vivo numa peixaria na zona do Porto Interior (Rua do Visconde de Paço de Arcos).

Transporte de Peixe

Transporte de peixe vivo para restaurantes.
Macau, Fevereiro de 2009

domingo, 1 de março de 2009

Peixe salgado

Macau, Fevereiro de 2009

peixe salgado

Como é que um peixe salgado retornaria à vida?
Em busca daquela agulha de prata
percorreu todo o mar, prometeu um amor
que só findaria no caso de o mar secar ou as
montanhas se arrasarem,
... e saltou da água para avistar o horizonte

Agora, pendurado debaixo do sol
deixa que a brisa o absorva até à última gota de água
E o sal que o destino lhe obriga
vem salgando o tempo para além do mar

Porem, não conseguiu fechar os olhos
mesmo depois da morte
Vendo que a chuva a correr do telhado para os rios
o peixe salgado começou a sonhar em desaguar no
mar
Yao Feng. Canção para longe / Faraway song. Walt Whitman Publishing House.

Loja de Artigos Diversos

«Loja de Artígos Díversos Faí Vong Tóng» na Rua da Caldeira, em Macau (Fevereiro de 2009)