terça-feira, 31 de agosto de 2010

A última viagem do "Dong Shan"


Legenda: "Última viagem do ferry "Dong Shan" entre Macau e Hong Kong. O Ferry foi o meio de transporte mais utilizado nas viagens entre Macau e Hong Kong. Foi posteriormente substituído pelo Hydrofoil".
Data: 1 de Janeiro de 1974.
Fotografia de Lei Chiu Vang.
Colecção: Memória Colectiva dos Residentes de Macau - Imagens Antigas de Macau.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Convento do Precioso Sangue


Legenda: "Antigo Convento do Precioso Sangue, actual Autoridade Monetária de Macau".
Data: Século XX, anos 70. Fotografia de Lei Chiu Vang.
Colecção: Memória Colectiva dos Residentes de Macau - Imagens Antigas de Macau.


Construído em 1917, o edifício do antigo Convento do Preciosos Sangue encontra-se classificado Património Cultural (Edifício de Interesse Arquitectónico). Inicialmente residência de Luís Nolasco da Silva, filho do sinólogo Pedro Nolasco da Silva, foi adquirido, nos anos 30 ou 40, pela Ordem das Irmãzinhas do Precioso Sangue, passando a designar-se por Convento do Preciso Sangue.
É, desde 1996, sede da Autoridade Monetária de Macau.


Lei Chiu Vang, que por mais de quarenta anos trabalhou para o jornal "Macao Daily News", fotografou, ao longo de décadas, ruas e gentes de Macau. Membro honorário e executivo da Associação Fotográfica de Macau, encontrando-se também associado à Royal Photography Society de Hong Kong, à Hong Kong 35mm Photography Research Society e à Hong Kong Chinese Photography Society, Lei Chiu Vang ofereceu, em 2003, 143 fotografias da sua colecção ao Museu de Arte de Macau, que posteriormente organizou a exposição "Visita ao Passado - Fotografias de Lei Chiu Vang".

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Macau: Praia Grande

Macau: Praia Grande. Artista Chinês Anónimo.
Guache sobre papel. Ca. 1840
Colecção "Quadros Históricos" do Museu de Arte de Macau

"Bocage no Extremo Oriente", por António Manuel Couto Viana


"(...)
A 7 de Abril de 1789, o poeta sadino chega a Damão, nomeado tenente do regimento de infantaria de Terço, ali aquartelado.
Mas, no dia seguinte, desertor, escapa-se para Surrate, de onde embarca para Macau.
Andava neurasténico, dominava-o uma doença grave, detestava a terra e as gentes, padecia com o silêncio de Gertúria, a mulher amada que deixara no distante Outão, entre laranjais e águas de safira.
Pensara mesmo no suicídio. O espírito pedia-lhe liberdade, novos horizontes e aventura e de olvido. Lá pela Europa soprava, forte, destruidor do velho mundo, o furacão francês da Revolução. Um outro, mais benigno, nascido dos mares irrequietos da China, arrebatava o poeta ("Até que aos mares da longínqua China / Fui por bravos tufões arrebatado") para Cantão, por onde vagueia esfarrapado e faminto ("E mais mísero eu, que habito o remoto Cantão"); "Mísero de mim que em terra alheia..."; "A fértil China... / Te viu com lasso pé vagar mendigo"). Muito provavelmente acolhido numa das feitorias estrangeiras dessa fabulosa cidade, quiçá a inglesa, não tardou a arribar a Macau, governada interinamente pelo desembargador Lázaro da Silva Ferreira, após o falecimento do governador Francisco Xavier de Mendonça Corte Real, em 1789.

(...)
É o comerciante Joaquim Pereira de Almeida que recebe, com a maior gentileza, Manuel Maria Barbosa do Bocage e se presta a apresentá-lo, quer a Lázaro Ferreira, quer a algumas famílias importantes da terra.
O poeta não se esquece de agradecer a todos com um punhado de versos elogiosos.
A Joaquim Pereira de Almeida dedicou uma elegia, chamando-lhe "bom benfeitor, bom caro amigo".
À Senhora D. Maria Saldanha Noronha e Menezes, dama distintíssima de distintíssima família, então vivendo em Macau, casada e com filhos, de exemplar virtude, Bocage não deixa de rogar-lhe, numa ode a que deu o título significativo de Esperança, que o auxilie a regressar a Portugal. Marília é, à maneira árcade, o nome que atribui à nobre Dama, dotada de grande beleza física e, igualmente, de grande beleza moral.
Eis parte da composição, naturalmente hiperbólica, que o poeta depõe aos pés daquela de quem aguardava poderosa intervenção para alívio das suas inquietações e solução da sua grave situação de desertor:
"Musa, não gemas, ergue, ó desgraçada
O rosto macilento
Da vista a frouxa luz, quase apagada.
Nas lágrimas que vertes, Musa, alento!
Move trémula planta,
Pisa receios, e a Marília canta.

Canta da ilustre Dama a gentileza,
A prole esclarecida,
Os dons da sorte, os dons da natureza,
As prendas com que a vês enriquecida:
E, depois de a louvares,
Torna os teus choros, torna os teus penares.

Ah, que já sinto, milagroso objecto,
Quanto pode o teu rosto!
Da malfadada Musa o torvo aspecto
Já cora, já se vai do meu desgosto
Sumindo a névoa densa.
Que desfaz, como o sol, a tua presença.

Inclina, pois, magnânima senhora,
Os clementes ouvidos
Á voz que não profere, aduladora,
Altos encómios de razão despidos:
A verdade celeste
Com seu cândido manto os orna e veste.

A ti, dignos de ti, Marília, voam;
A ti, bela heroína
Cujas mil graças mil virtudes c'roam;
A ti, que enches de glória a fértil China,
Enquanto a que te adora,
Mísera Pátria, tua ausência chora.

As deidades, criando-se, exauriram o seu cofre divino;
Os seus encantos para sempre uniram
Em aúreo laço o mais feliz destino.
E eis os dons com que brilhas
Reproduzidos nas mimosas filhas."
E o poeta, depois de tecer floridas capelas de versos às filhas de D. Maria Saldanha, para enternecer-lhe o coração de mãe, implora o seu favor, com emocionante inspiração:
"Com suspiros, ó triste, implora, implora
De Marília a piedade;
Ela é justa, ela sente, ela deplora
Os erros da infeliz humanidade;
Contra o fado inimigo
Na sua compaixão procura abrigo.

Roga, roga-lhe, enfim, que te destrua
As ânsias, os temores;
Que a pátria, ao próprio lar te restitua,
Ah! já diz que sim: não mais clamores;
Musa! Musa! descansa,
Cantemos o triunfo, ó Esperança."
(...)
A outra dama, D. Maria de Guadalupe Topete de Ulhoa Garfim, oferece Bocage igualmente uma ode, mas não pedinchona, sim de louvor à beleza da musa, que eu adivinho de ascendência castelhana, quer pelos apelidos, quer pelas referências ao pequeno rio Mançanares, que banha Madrid, unido ao "aprazível Tejo", em cuja "ruiva margem" o poeta tem o seu "tugúrio pobre".

(...)
Por fim, a Lázaro Ferreira, que escutara, benévolo, as pretenções de Bocage, intercedendo junto das cimeiras Senhorias, e permitindo ao poeta, após tais diligências, regressar a Portugal, sem castigo de monta; Lázaro Ferreira é brindado, pelo deneficiado, com nova ode, A Gratidão, que conclui deste jeito encomiástico:
"Tudo a ti devo, ó benfeitor, ó grande,
Que a roçagante, venerável toga
Mais venerável pelos seus preclaros
Méritos fazes.

Tudo te devo: a gratidão não sofre
Que teus favores generosos cale;
Julga tu mesmo se o silêncio é crime,
Árbrito excelso.

Aos estrelados, aos cerúleos globos
Sempre em meus hinos subirá teu nome,
Ó céu! ó fados! conservai Ferreira,
São necessários os heróis no mundo;

E tu ferrolha os porcelosos monstros,
Eólo amigo.
(...)
Durante o tempo que permaneceu na pequena parcela portuguesa do Extremo Oriente, ou seja de Setembro ou Outubro de 1789 a Março de 1790, o poeta observou a cidade com perspicaz exactidão, a ponto de a retratar num soneto.

(...)
Eis o soneto de Elmano:
"Um governo sem mando, um bispo tal;
De freiras virtuosas um covil,
Três conventos de frades, cinco mil
Nhons e chinas Cristãos, que obram muito mal;

Uma sé que hoje existe tal e qual;
Catorze prebendados sem ceitil,
Muita pobreza, muita mulher vil;
Cem portugueses, tudo num curral;

Seis fortes, cem soldados, um tambor;
Três freguesias cujo ornato é pau;
Um Vigário-Geral, sem promotor;

Dois colégios, e um deles muito mau;
Um senado que a tudo é superior;
É quanto Portugal tem em Macau"
O sábio historiador Monsenhor Manuel Teixeira, no seu livro Macau no Século XVIII, ocupou-se a analisar o soneto bocagiano e conclui pelo rigor dos traços de retrato.
Julgo de maior interesse histórico este comparar cada verso com a realidade de Macau nessa época: Assim:
"'Um governo sem mando'. É exacto: o governador não tinha poder ou mando civil; era chamado Peng-t'au (cabeça de Tropa) ou comandante militar; mandava, apenas nos soldados e nas fortalezas."
(Eu atrevo-me a sugerir que Bocage podia também referir-se ao facto de, durante a sua estada em Macau, haver apenas um Governador interino.)
"'Um Bispo tal'. Não havia bispo. D. Alexandre da Silva Pedrosa Guimarães partira para Lisboa a 10.1.1780, deixando como governador do Bispado o Padre António Jorge Nogueira".
(A ausência de Bispo, tal como a ausência de Governador é, quanto mim, o que o poeta quis mencionar neste primeiro verso do soneto).
"'De freiras virtuosas um covil'. Refere-se às clarissas do Mosteiro de Santa Clara. (...) A palavra 'covil' deve referir-se à clausura rigorosa dessas virtuosas freiras. São elas as únicas elogiadas pelo poeta e bem o mereciam, pois o seu fervor era extraordinário. (...)"
"'Três conventos de frades': São Francisco, Santo Agostinho e São Domingos."
"'Nhons e chinas cristãos que obram mui'. Nhons propriamente significa senhores e nhonhas, senhoras".
(Filhos da terra, em patuá, ou seja no dialecto popular macaense.)
A corrupção dos costumes, nesta época, era muito censurada pela autoridade eclesiástica.
"'Uma sé que hoje existe tal e qual'. Era a Sé Catedral, que datava de 1622 ou 1623 e que existia tal e qual como fora feita."
"'Catorze prebendados sem ceitil'. Bocage inclui aqui todos os que recebiam prebendas, cónegos ou não. Prebenda era o direito de um eclesiástico receber certos subsídios ou rendimentos da Catedral. (...) Em 1777 faziam serviço na Sé 24 padres mas em 1790 eram muito menos. Após a partida do Bispo, em 1780, vários deles recusaram servir na Sé. O governador do Bispado, D. António José Nogueira, publicou um decreto para os obrigar; mas eles apelaram para Goa, e o arcebispo primaz deu-lhes razão.
É de crer que em 1790 fossem apenas 14 os prebendados, incluindo cónegos, capelães e outros."
"'Muita pobreza, muita mulher vil'. A 4 de Abril de 1783, D. Maria I dizia que a guarnição de Macau, 'em lugar de soldados, se compunha somente de indigentes e mendigos'; e que os cristãos chinas e portugueses estavam reduzidos à indigência e à miséria'. Em resultado da pobreza, havia 'muita mulher vil'.
O bispo D. Marcelino José da Silva, "para obviar este estendal de vícios, fundou o Recolhimento de Santa Maria Madalena, no qual mandou recolher algumas dessas mulheres mais famosas e publicamente escandalosas, mas o governador da Índia mandou-o fechar: o bispo, desanimado, resignou, abandonando esta verdadeira Sodoma com o seu abominável lupanar."
"'Cem Portugueses tudo em um curral'. Que curral era este, onde se refastelavam os suínos, já não sabemos.
Quanto aos cem portugueses, também é verdade. O bispo Pedrosa Guimarães, no seu relatório de 1775, dizia que 'os portugueses europeus' 'somavam só 108', vivendo todos numa cidade muralhada."
"'Seis fortes, cem soldados, um tambor'. Os fortes eram: a) São Paulo (construído de 1622 1626); B) Santiago (1622-1629); c) Nossa Senhora da Penha (antes de 1622); d) São Francisco (1622-1626); e) Nossa Senhora da Guia (antes de 1622, reconstruído e aumentado em Setembro de 1637 a Março de 1638); f) Nossa Senhora do Bomparto (antes de 1622).
Quanto aos 100 soldados e um tambor, no seu relatório de 1775, dizia o Bispo Pedrosa Guimarães que os militares eram '85, com mais três cabos de ronda, 10 sargentos 2 tambores', ou seja 99 ao todo."
"'Três freguesias, cujo ornato é pau'. Eram a Sé (...); São Lourenço; (...) e Santo António. As igrejas paroquiais eram pobres e sem valor artístico (...)".
"'Um Vigário-Geral, sem promotor'. O Vigário-Geral, ou melhor, o governador do Bispado, não tinha promotor em 1789-1790".
"'Dois colégios e um deles muito mau'. Trata-se dos Colégios de São Paulo e de São José; ambos construídos pelos jesuítas. (...)
O Colégio muito mau era o de São Paulo, pois já em 1787 se achava em mau estado, pelo que foram mandadas demolir as oficinas e edifícios desabitados, que estivessem em ruínas.
Quanto a S. José, foi confiado em 28 de Julho de 1784 aos lazaristas que o elevaram ao seu primitivo esplendor."
"'Um Senado que a tudo é superior'. Exacto: quem mandou sempre em Macau foi o Senado, pois o governador era apenas comandante militar, cujo poder era limitado aos seis fortes e aos '100 soldados e um tambor'".
E Monsenhor Manuel Teixeira conclui a cuidadosa análise com este comentário:
"Por aqui se vê o fino espírito de observação de Bocage que, estando menos de um ano em Macau, viu mais do que muitos em toda a sua vida."
(...)
António Manuel Couto Viana. "Bocage no Extremo Oriente". RC - Revista de Cultura, Nº. 37 (II Série). Outubro/Dezembro, 1998

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

As portas de Macau

Legenda: Macao, Harbour.
Edição: Union Postale Universelle. Data: ca. de 1900
A Baía da Praia Grande

"Macau tem duas portas principais abertas no seu fraco muro da cerca. Já te disse onde uma estava situada, próximo à Gruta de Camões; a outra é na parte oposta da cidade, chama-se a Porta do Campo, e é por ela que vulgarmente saem os habitantes que vão espairecer extramuros, com especialidade os cavaleiros e os que vão em carruagem. Sobe ao meu humilde cabriolet, e saiamos também da cidade. Vês uma bonita estrada. À direita o fortezinho de S. João; a horta dos Parses, rica de flores exóticas; e a horta do padre Almeida, que é, depois da gruta, o lugar mais conhecido de Macau; tem no centro uma casa circular com quatro galerias em forma de cruz que dão um aspecto inteiramente original àquele grande pavilhão; na frente três torreões, lago, jardim; e fora dos muros sepulturas de chins, uma fonte, árvores, e lá no topo a fortaleza da Guia. À esquerda uma pobre povoação de chins cristãos com a sua capela de S. Lázaro, que foi a primeira freguesia de Macau, e mais além a aldeia de Mong-Há e as ruínas de um forte novo. Seguindo, deixas à direita a moderníssima fortificação de D. Maria II, desces a galope a Rampa dos Cavaleiros, e entras no istmo onde esteve a Porta do Cerco: estás outra vez na China dos mandarins (...); o melhor é voltar e, a trote rasgado, seguir a margem do rio pelo outro lado da povoação de Mong-Há, volver a entrar na cidade pela porta de Santo António, ou cruzando uma estrada transversal pelo sopé da fortaleza do Monte, vir sair novamente à horta do padre Almeida e, daí, retroceder para o interior de Macau".
Francisco Maria Bordalo. Um Passeio de Sete Mil Léguas (publicado em Lisboa, em 1854) in Carlos Pinto Santos e Orlando Neves. De Longe à China. Macau na Historiografia e Literatura Portuguesas. Tomo 2, ICM, 1988

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ligeiros tancás

George Chinnery (1774-1852). Barcos / Boats.
Aguarela sobre papel / Watercolour on paper.
Colecção do Museu de Arte de Macau.

"Ligeiros tancás (pequenos barcos, cujo nome se traduz por casca de ovo) guarnecidos por engraçadas mulheres chinesas que falam um patois, português divertidíssimo, não pronunciando o r e substituindo-o sempre pelo l, e fazendo ainda outras transformações, tudo em cadência musical, conduziam a bordo os nossos marítimos, alguns dos quais morriam de amores pelas belas tripulantes. E em verdade que tinham razão; aquelas carinhas morenas das tancareiras, molduradas em óptimos cabelos, escuros como os seus olhos pequeninos, mas vivos, com lindos dentes, mãos pequenas, pés delicados, apesar de costumados a andarem descalços, estatura baixa mas esbelta, trajo assaz pitoresco; cabaia e calça azul ou preta, lenço de cores vivas na cabeça, sapatos de prodigiosa altura, um certo requebro no andar, era tudo isto decerto muito mais bonito do que os rostos cobreados das timoras, e dessas raças cruzadas de malaio, chim e europeu, que parecem haver sido achatados ainda no berço. Até aqueles barquinhos, onde elas vivem de dia e de noite, parecem chamar os passageiros pelo seu extraordinário asseio; e com tudo dentro de um fraco tancá, tem uma família o seu pagode, espécie de deuses penates, sempre alumiado e bornido; cozinha, cama, bancos, enfim a mobília completa de uma pobre casa; as tancareiras aí vivem, aí cozem o seu arroz e o comem, aí dormem, rezam e folgam. A sua religião manda-as dedicar à alegria até encontrarem marido, e elas cumprem à risca este preceito, enquanto um esposo feliz não opõe a barreira himeneu a essa torrente de loucuras; desde então a tancareira tornou-se uma mulher séria; não ri para o viandante nem responde a nenhuma provocação, senão mostrando uma fita preta que lhe cinge o pescoço e quer dizer: sou casada. A variedade acabou para ela!"
Francisco Maria Bordalo. Sansão na Vingança! in Carlos Pinto Santos e Orlando Neves. De Longe à China. Macau na Historiografia e na Literatura Portuguesas. Tomo II. ICM, 1998

Embarquei na lancha a vapor Macau


Legenda: Central City and Harbour. Macao.
Edição: Union Postale Universelle. Data: ca. 1890

"24 de Setembro de 1883 - Às cinco horas da manhã embarquei com o tenente Cinatti na lancha a vapor Macau, que se acha no porto para o serviço do governador. Dirigimo-nos à Taipa e descemos pelo canal de Coloane, passando em frente da povoação deste nome, que oferece uma perspectiva muito risonha. Neste canal desemboca a denominada Ribeira da Pedra, por onde se desvia na vazante grande massa de água do Broadway, não tanto como a que sai pelo canal da Taipa. Aquela ribeira passa ao sul da Ilha de D. João, ou de Macarira, ilha que nos pertence e que é muito acidentada e despida de vegetação. Demos a volta à ilha de Coloane, que é bonita, e subimos pelo canal da Taipa, por onde antigamente se fazia a entrada em Macau e que hoje está muito assoriado e baixo. Soprava um vento rijo e fresco e o mar estava muito encapelado, com uma vaga curta e desencontrada que imprimia à Macau movimentos sacudidos e incómodos, enxovalhando-a com a espuma e o salpico das águas (...)"
Adolfo Loureiro. No Oriente, de Nápoles à China. in Carlos Pinto Santos e Orlando Neves. De longe à China. Macau na Historiografia e na Literatura Portuguesas. Tomo II, ICM, 1998

Estrada de Adolfo Loureiro

Estrada de Adolfo Loureiro. Macau, Julho de 2010

Estrada de Adolfo Loureiro: começa na Avenida Sidónio Pais e termina no cruzamento da Estrada de Coelho do Amaral com a Rua da Restauração.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Tou Tei, o Deus da Terra

Pequeno altar dedicado a Tou Tei, o Deus da Terra, situado ao nível do solo, no passeio. Macau, Rua de S. Paulo. Julho de 2010