segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Tchong Ieong, o Culto dos Antepassados

O Tchong Ieong ou festividade do «duplo nove» - porque se realiza no nono dia da nona Lua - é mais um ritual fúnebre, mais uma festividade que, tal como o Ching Ming, está ligada ao culto dos finados, mais precisamente o culto dos antepassados. É, também, um ritual de purificação, designado por «subida às alturas», já que nesta festividade as famílias, após a visita às sepulturas dos seus antepassados, sobem ao cume dos montes e das colinas.
Diz uma lenda que, em tempos antigos, um homem letrado e de grande virtude recebeu uma advertência divina para se dirigir de imediato, com a sua família, para um determinado local nas montanhas. Assim o fez, acompanhado de toda a família. E, dias depois, quando regressou à sua casa, percebeu que tinha sido eleito, pois apenas encontrou morte e destruição.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Cores do Oriente

Taipa, 2006

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

A festa da Lua

Realiza-se no 15º dia do 8º mês lunar e designa-se por Chong Chao Chit ou festa do bolo lunar. É a festa da lua, velha tradição chinesa (1), também conhecida por festa das lanternas, já que a noite não é apenas iluminada pela lua cheia, mas também por inúmeras lanternas de papel. Na China, a festa da lua toma a particularidade de estar associada ao Bolo Lunar, que em Macau é também conhecido por «bolo bate-pau» - por serem metidos à paulada em formas de madeira - e que se oferece, neste dia, a amigos e familiares. Fabricados com farinha acinzentada - da cor da Lua - estes «bolos de bate-pau» são recheados ou com carnes e toucinho, ou com cascas de tangerina, ou, ainda, com diversas variedades de sementes, como as de lótus, de pevides, amêndoas ou pinhões.
Luís Gonzaga Gomes conta-nos a origem do bolo lunar, que «(...) teve lugar numa das maiores cidades da China Central, onde jurisdicionava, desenfreadamente, um cruel e avarento sátrapa, que se escudava na força de uma bem equipada guarnição, para tiranizar os pacíficos habitantes com a sua despótica administração.
(...)
Ora, num belo dia de Outuno, chegara à cidade um homem de meia idade, que foi albergar-se numa hospedaria. Era bem apresentado, e, nas poucas noites em que pernoitara ali, mostrou ser indivíduo culto, pelas conversas com que se entretinha com outros hóspedes.
O desconhecido costumava passar o dia, perambulando pelo centro da cidade, a fim de se informar das condições de vida do proletariado e, dias depois, estabelecia numa rua, perto do mercado, uma casa de chá, que passou, em breve, a ser frequentada pelos principais negociantes da terra. O dono da casa atendia, pessoalmente, os fregueses e, nas conversas que com eles trocava, não deixava nunca de fazer a apologia da coragem e de menosprezar a covardia, citando, com muito propósito, referências dos clássicos.Um dia, quando se encontrava à porta, esperando a chegada dos usuais frequentadores do seu estabelecimento, viu aproximarem-se dois indivíduos que discutiam, excitadamente mas em voz baixa, e que, ao entrarem, passaram por ele, sem o saudarem, olhando-o com torvos olhares de surda hostilidade.Muitos outros fregueses foram vindo e abancaram-se todos, em volta da mesma mesa, falando, acaloradamente, mas de forma inaudível, como se desconfiassem ser escutados.O dono da pastelaria, intrigado com o caso, aproximou-se do grupo e todos se calaram imediatamente.Tendo instado muito para que o informassem do que tinha acontecido, contaram-lhe, então, que um dos seu companheiros que tomara chá naquela casa, na véspera, e que criticara a acção do déspota, tinha sido levado para o centro do mercado, nessa manhã, com toda a sua família. As suas ensanguentadas cabeças espetadas em diversos postes, revelavam que alguém, que se encontrava no estabelecimento nessa ocasião, o tinha delatado aos esbirros governamentais.O dono aquietou-os, então, recomendando-lhes que voltassem sossegados para os seus afazeres e que não cometessem nenhum acto imprudente que pudesse comprometer as suas famílias e os seus amigos, asseverando-lhes que grandes acontecimentos iriam ter lugar dentro de alguns dias.No dia seguinte, fez constar por todo o burgo que iria introduzir no mercado um novo bolo, de admirável preparação, cujos secretos ingredientes só podiam ser buscados em longínquas terras.Tal bolo seria distribuído gratuitamente, devendo, no entanto, ser comido só à meia-noite do dia 15.Chegado a véspera desse dia, recebiam todos, em sua casa, um bolo de atraente aspecto e, à meia-noite, quando o partiram para o saborearem, descobriram, no interior, um papelinho, convidando a população a juntar-se com as suas armas, no mercado, por ter enfim soado a verdadeira hora da sua liberdade.Como por encanto, em pouco tempo, a praça principal encheu-se de gentio que, imediatamente, marchou atrás do pasteleiro, para a residência do detestado mandarim, onde facilmente, desarmaram os soldados tomados de surpresa, e prenderam o tirano.Completado o golpe de estado, os habitantes do burgo quiseram que o pasteleiro ficasse dirigindo os negócios do governo mas, como este tivesse desaparecido, formou-se um conselho, para actuar durante a sua ausência.Nunca mais se soube do paredeiro do incógnito caudilho, porém, o povo jamais esqueceu o seu feito» (2).
_____________
(1) O festival da lua festeja-se, igualmente, em outras regiões da Ásia, nomeadamente no Japão onde se designa por Ó-Tsukimi.(2) Luís Gonzaga Gomes. «A festividade do Outono», in Macau Factos e Lendas, Instituto Cultural de Macau, 1994, p. 146-150.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Casarám antigo

Bairro de S. Lázaro. Macau, 2006
Casarám antigo
Macau di janéla vérde,veneziána di tabique;
Macau di chám sobradado,
co enténa chuchú parede
pa co-côi sobrado;
Saguám pa lavá rópa,
Terraço di chám di ladrilho,
lugá pa sugá rópa.
Macau di casaám antigonostre
Cubrido co télia vemêlo,
parede caiado,
varánda empolado...
Únde têm vôs?
Macau di quintal co pôço,
corda mará báldi,
báldi elá águ vêm riva.
Horta co árvre di frutázi
semeado aqui-ali;
Porta-trás pa sai "lap-sap",
pa áma comprá som,
apô di cartá águ-fónti,
intrá-sai di casa.
Únde têm vôs?
Macau antigo di gudám
co dispénsa pa guardá catá-cutí;
Quarto di quiada na "lau-chai",
Quartinho di bánho na vánda-trás
co bacia di lóiça pa lavá rosto,
balsa di pau pa lavá corpo...
Casa-casa antigo
di Macau tamêm antigo...
Seléa Macau, únde têm vôs?
José dos Santos Ferreira (Adé). Poema na Língu Maquista.

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Tabuletas

«Associação de Empregaclos de Barbea-rias de Macau». Macau, Travessa dos Fatiões. 2006

Tabuletas

«Agência de Sapatos Kit Ou», também designada por «Fomento Predial Kit Ou». Macau, Rua das Estalagens. 2006