domingo, 25 de fevereiro de 2007

Avenida de Almeida Ribeiro

A Avenida de Almeida Ribeiro, cerca de 1965
(in Macau. Pequena Monografia, Agência Geral do Ultramar, Lisboa, 1965)

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Largo do Carmo

Largo do Carmo. Taipa

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Chou Kuan, o deus do fogão

Dizia Wenceslau de Moraes: «os deuses, com quem por assim dizer vivo em contacto, e a cuja sublime protecção, posto que indirectamente, me confio, são muitos, um enxame. É todo o Olimpo budista e o inteiro mito primitivo, amalgamados em crendices (...)». A iconografia religiosa chinesa é bastante variada, são muitos os deuses e os entes divinizados, são os velhos de barbas brancas e de ar bonacheirão, outros de barbas pretas e de aspecto assustador, são as fénixs e os dragões, os leões, os veados ou as tartarugas, são as flores de lótus, os crisântemos ou as tangerinas, enfim, um não acabar de imagens ligadas às crenças populares. Um mundo de crenças assente na presunção de que os deuses são acessíveis, mas também falíveis, e que o seu apoio se obtém através de acções meritórias ou de oferendas materiais – ou seja, se os humanos estão sujeitos à vontade dos deuses, porém, os deuses podem, por sua vez, serem induzidos ou convencidos a alterar os seus apoios. Igualmente presença constante nas crenças chinesas são os espíritos malignos, as almas penadas, sendo, pois, necessário evitar os malefícios desses espíritos errantes; daí a presença de toda a espécie de talismãs, os espelhos, as espadas, os guardiões das portas, as figuras de tigres ou dos caça-diabos. Mas, não basta evitar os malefícios destes espíritos errantes; é também necessário atrair benefícios, rodeando-se de imagens de deuses benfazejos, nas casas, nas lojas, nos bairros, nas ruas...

O deus da cozinha ou do fogão é uma espécie de patrono dos lares. Chou Kuan, assim se chama, tem por função relatar ao Soberano Celeste e autoridades celestiais o comportamento da família, enumerando as suas boas e más acções, ritual que é cumprido uma vez por ano, por ocasião do novo ano lunar. Ora, os chineses - que de forma prática e eficaz, se rodeiam de guardiões e de deuses protectores, e que procuram conquistar benefícios dos deuses, através de oferendas -, recorrem, por vezes, à astúcia e a subtilezas a fim de causarem boa impressão junto às tais autoridades celestiais. Para isso, antes da partida do deus do fogão para a sua viagem aos Céus, aqueles que, por razões menos meritórias prefiram que o deus se cale, besuntam-lhe a boca com mel ou outro doce, ou seja, adoçam-lhe a boca; outros, colam-lhe os lábios, impedindo assim qualquer tipo de relato... Na véspera da partida do deus – 23º dia do 12º mês lunar -, as famílias queimam a imagem do deus do fogão e este começa então a sua viagem, servindo-se do fumo para chegar aos céus. Sete dias depois regressa, colocando-se no altar nova imagem de Chou Kuan.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Tchêk-Noi, a tecedeira

Conta uma lenda muito antiga que, uma vez por ano, as pegas desaparecem da terra e formam, com as suas asas, uma ponte no céu estrelado para que Tchêk-Noi, a tecedeira, e o seu pastor, Ngau-Ióng, se possam encontrar na noite do sétimo dia da sétima lua.

Tinha o Imperador de Jade, Iok Vong, sete filhas muito formosas. Embora Tchêk-Noi fosse a mais prendada das sete irmãs, contudo eram todas excelentes bordadeiras e tecedeiras e, por isso, responsáveis pelo guarda-roupa da corte divina.

Ora, ao saber dos amores de Tchêk-Noi por Ngau-Ióng, a Deusa-Mãe decidiu separá-los, enviando para o exílio na Terra, a estrela pastor. Em sua defesa esteve Taurus, também ele uma estrela, que por essa razão seria igualmente exilado para a Terra, onde se transformou no búfalo companheiro e conselheiro de Ngau-Ióng.
No céu, Tchék-Noi morria de saudades. Mas num dia em que, juntamente com as irmãs, a tecedeira desceu à Terra para se banhar num lago, ouviu o som da flauta que o pastor tocava. Tchék-Noi já não regressou ao palácio celeste, juntando-se ao pastor. Viveram escondidos dos deuses durante alguns anos, o pastor lavrando o campo com a ajuda do búfalo, a tecedeira fazendo tecidos e cuidando dos dois filhos gémeos, que entretanto tinham nascido.
Os deuses, no céu, não se conformavam com a ausência de Tchék-Noi, pois ela era, das sete irmãs, a que melhor tecia. Exigindo o regresso da tecedeira, o Imperador de Jade ordenou ao cão celeste que a procurasse.
Descoberta pelo cão, Tchék-Noi foi obrigada a regressar à corte celeste. O pastor não se conformou e preparou-se para, juntamente com os filhos, se juntar a Tchék-Noi. Nesta viagem para os céus valeu-lhe a ajuda do seu companheiro búfalo, que arrancou os chifres e transformou-os numa barca voadora. Mas, a Deusa-Mãe, entretanto alertada, para impedir que se juntassem de novo, tirou da cabeça o alfinete e com ele desenhou um risco, que imediatamente se transformou num impetuoso rio - a Via Láctea. De um lado ficaram três estrelas, Ngau-Ióng e os dois gémeos. Do outro, uma única estrela, Tchêk-Noi, a tecedeira. As pegas, compadecidas de tão grande infelicidade, decidiram formar, uma vez por ano, no sétimo dia do sétimo mês de cada ano lunar, uma ponte sobre o rio, para que eles se possam encontrar.

A esta lenda encontra-se associada uma festividade - a Festividade das Sete Irmãs ou Tch'at Tché -, dedicada apenas às mulheres solteiras. Em pequenos altares colocados à porta de casa, nos quintais ou nos terraços, as jovens solteiras colocavam oferendas diversas, como pentes e enfeites para o cabelo, incenso, flores, fruta e bolos.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Templo de Lin Kai

Templo de Lin Kai. Macau, 2006