Farol da Guia «Subimos à colina da Guia. Os declives estão cobertos de árvores, sob as quais serpejam românticas veredas. No tope, surge, sempre entre arvoredo, uma branca muralha. Na muralha há uma porta, sobre a porta uma lápide com a coroa de Portugal e uma inscrição assinalando o nascimento da fortaleza em 1638. Dentro, ao fim das rampas, correm os bastiões, com velhas peças de artilharia, rimas de pedra bombarda, alvas atalaias, tudo em ambiente de antanho. Ao centro, ergue-se o venerando farol, e a seu lado, uma remota capela, cheia de silêncio e de lousas tumulares. Atrás, outra esplanada, onde o faroleiro cultiva, em luta com o clima uma videira de Portugal, para matar saudades... O panorama é muito belo. Abrange-se toda a cidade, as ilhas que a cercam, o mar que dorme entre elas e, ao longe, as graves montanhas da China». Ferreira de Castro. A Volta ao Mundo (1944), in Carlos Pinto Santos e Orlando Neves. De Longe à China. Macau na Historiografia e na Literatura Portuguesas. tomo 3. ICM, 1996