quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Uma arte tradicional de Macau: escultura de ídolos sagrados

A "Escultura de Ídolos Sagrados de Macau" encontra-se, desde Junho deste ano, inscrita na Lista do Património Cultural Intangível da China, arte tradicional que passou de geração em geração ao longo de quase cem anos.
«A origem do ofício de esculpir ídolos sagrados prende-se com as crenças religiosas populares, nomeadamente dos pescadores. Das imagens mais simples e despojadas até às grandiosas representações de Buda, o ofício passou por diversas fases de desenvolvimento» (in Catálogo da Exposição), tendo atingido níveis técnicos bastante avançados, embora conservando as características estéticas e as tradições locais da arte de esculpir, de aplicar laca ou folha de ouro. De uma produção centrada em pequenas imagens de madeira, o ofício desenvolveu-se até à criação de estátuas de Buda, como a que se encontra no mosteiro budista Miu Fat de Hong Kong.

A exposição "Trabalhos com Engenho - Esculturas de Ídolos Sagrados de Macau", que apresenta mais de 80 peças, ferramentas e dados históricos, encontra-se aberta ao público, no Museu de Macau, até 5 de Abril de 2009.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A Dimensão dos Mistérios

Pátio de Além-Bosque. Macau (Dezembro de 2008)


A Dimensão dos Mistérios


E lá vou eu pela Travessa da Palanchica,
Pátio da Gruta e do Além Bosque,
Travessa das Acácias, Pátio do Socorro,
um bairro teia de aranha de cantoneses fugidos,
onde se reparte tudo: o arroz, a doença, os filhos.

Quando tantas ruas
nos equivocam tão estreitamente
andar sem rumo é o caminho mais seguro.

É que alguém falou no mistério do Minotauro,
coisa grega muito longe destas ilhas,
dizendo que já não existia fora de nós mesmos.

Mas eu pergunto:
não é justo que nos atrevamos
a visioná-lo neste labirinto,
bem lá no fundo dele,
à espera de nos engolir?

Para quê levantar altares
apenas a mistérios diminutos?


Alexandre Pinheiro Torres. Trocar de Século. Poema / Century Slip. A Poem. Instituto Português do Oriente e Fundação Oriente, 1995

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Terra de Lebab


Terra de Lebab de Fernando Sales Lopes é a terra do entendimento, a terra onde coexistem diferentes línguas, culturas e tradições. Na Terra de Lebab convivemos com as diferentes comunidades que em Macau vivem, conhecemos as suas festas e festividades, as suas gastronomias, as suas tradições.
Um livro pensado para jovens com ilustrações de Rui Rasquinho. É a primeira publicação da colecção "Macau e as suas Gentes", edição conjunta do Instituto Português do Oriente e do Instituto Politécnico de Macau.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O Templo de I Leng

O Templo de I Leng, também conhecido por Ka Sin Tong, na Rua Direita de Carlos Eugénio, na Taipa.


Construído em 1900 - recuperado pela Câmara Municipal das Ilhas, em 1986-87, reaberto ao culto em Setembro de 1987, conforme atesta a placa colocada à entrada -, o templo é composto por um átrio frontal e um átrio traseiro, separados por um pátio central, e é dedicado a I Leng, o Deus da Medicina.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Santa Sancha

Estrada de Santa Sancha (Macau, Novembro de 2008)

«Outrora o nome dado ao bairro de Santa Sancha era Tanque do Mainato», nome que vinha «dum tanque ali situado, onde os mainatos lavavam a roupa», esclarece o Padre Teixeira (Toponímia de Macau, vol. 1), acrescentando que os chineses designaram esta área - a leste da Colina da Penha, Calçadas da Praia e das Chácaras e parte da Estrada de Santa Sancha - por Chok Chai Sat, ou seja, Chácara dos Bambus Pequenos.
A Rua do Comendador Kou Hó Neng - que começa na Calçada das Chácaras e termina na Rua da Boa Vista -, designou-se, em tempos, por Rua do Tanque do Mainato. Este ficava entre a Baía do Bispo - onde hoje se situa o campo de ténis - a Leitaria Macaense ou Vacaria do Vaz, que ficava situada atrás da antiga casa da Obra das Mães.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A Rua Central

A Rua Central (Novembro de 2008)


Designa-se, em chinês, por Leong Sang Cheng Kai, isto é, Rua Direita do Cume do Dragão, dragão este que, porém, não consegue «exercer grande influência na vida económica e no destino dos habitantes desta pacata cidade, por lhe terem cortado um membro, com a abertura da Avenida Almeida Ribeiro, que, em figura geomântica, representa a espada que decepou o dragão (...)».
Entre a segunda metade do século XIX e até à construção da Avenida de Almeida Ribeiro, a Sam Má Lou, em 1915, a Rua Central foi a principal artéria comercial da cidade. Situada na "cidade cristã", no aristocrático bairro de S. Lourenço, encontrava-se «idealmente bem situada (...) a escassos minutos na Praia Grande de gente opulenta, do Palácio do Governo e dos hotéis. Perto, também, o Clube de Macau e o Teatro D. Pedro V, o Seminário de S. José e duas igrejas de intensa devoção (...)» (Henrique de Senna Fernandes).
Nela se instalaram alfaiates e modistas, ourives e joalheiros, antiquários e livreiros, e, sobretudo as lojas dos mouros, de sedas, cetins, toalhas e bordados, para além de roupas, chapéus e gravatas. Ao domingo, depois da missa das onze horas na Sé Catedral, a rua transformava-se numa espécie de Passeio Público, onde exibiam-se a toilettes, espreitavam-se as novidades, trocavam-se mexericos.