Já ninguém sabia o seu verdadeiro nome. Todos a conheciam por menina com mãos de fada, Qiao Gu. Bem merecido o nome, pois Qiao Gu sabia fiar, tecer e bordar como ninguém.
Filha de camponeses pobres, Qiao Gu estava noiva de Man Cang, também ele filho de camponeses. Ambas as famílias eram pobres, tão pobres que os noivos apenas receberam, como prenda de noivado, uma porção de arroz e alguns legumes. Por sua vez, Qiao Gu propôs-se a confeccionar o seu enxoval de noiva e para tal recebeu do noivo, não os tecidos, porque isso não estava ao alcance da sua bolsa, mas alguns quilos de algodão.
Qiao Gu fiou o algodão, depois teceu-o e, por fim, fez um vestido para si. Pronto o vestido, bordou-o tomando como modelo as prendas de noivado – espigas de arroz num amarelo dourado, couves de um verde-esmeralda, pimentos e favas em tons de violeta – e ainda muitas, muitas, flores e borboletas.
Ao fim de três meses, o vestido ficou pronto. Estava lindo! Tão bonito ficou que, imediatamente, despertou inveja a Flor de Ouro, uma jovem vizinha de Qiao Gu, também noiva, mas esta do filho de uma família rica que vivia na cidade. Flor de Ouro propôs, então, que lhe desse o vestido, e em troca oferecia-lhe dez casacos de seda bordada. Qiao Gu não aceitou e, furiosa, Flor de Ouro, agarrou no vestido e fugiu a correr com ele. Desesperada Qiao Gu foi atrás dela que, vendo-se apanhada, atirou com o vestido para cima de um muro alto. Nesse preciso momento, umas pegas, seduzidas pelas cores dos bordados, desceram em voo rasante e levaram-lhe o vestido.
Muito chorou Qiao Gu. Por fim, já mais calma, decidiu recuperar o vestido que as pegas lhe haviam roubado. Com o resto do algodão confeccionou uma grande rede para nela apanhar as pegas. Pronta a rede, esperou que as pegas voltassem. Assim que elas pousaram no telhado da sua casa, estendeu a rede no chão e deitou algumas sementes. As pegas foram, de imediato, à comida e Qiao Gu rapidamente fechou a rede onde ficaram presas muitas e muitas pegas, quase uma centena delas. De repente, estas levantam voo, arrastando consigo Qiao Gu. Voaram, durante várias horas, em direcção ao sol nascente. Por fim, chegaram a uma floresta, cujas árvores de um verde cor de jade se encontravam repletas de pássaros de todas a cores. Momentos depois de as pegas pousarem e de os pássaros começarem a cantar, surge uma mulher – fada ou divindade – coberta com o lindo vestido que Qiao Gu bordara. Sabendo que Qiao Gu viera com as pegas para recuperar o vestido, a mulher ofereceu-lhe outro em troca, que Qiao Gu recusou, alegando querer vestir, no dia do seu casamento, o vestido feito pelas suas próprias mãos.
A mulher assentiu, dando o devido apreço aos argumentos de Qiao Gu. Devolvendo o vestido, de imediato desaparece, deixando Qiao Gu espantada, pois em seu lugar surge uma Fénix de cores resplandecentes que, ao levantar voo, foi logo seguida de todos os outros pássaros.
Qiao Gu compreendeu, então, que tudo fora obra da Fénix transformada em mulher.
A partir desse dia, e mesmo já depois do casamento, as pegas tornaram-se as guardiãs do vestido. Mesmo quando ia trabalhar, Qiao Gu gostava de levar consigo o vestido, colocando-o no chão. Então, as pegas poisavam junto do vestido para garantir que ninguém o vinha roubar.
Mas um dia, em que Man Cang e Qiao Gu foram ceifar, Flor de Ouro passou por ali e viu o vestido. Agarrou nele e vestiu-o logo. Mas as pegas estavam de vigia, e mal Flor de Ouro acabara de o vestir, caíram sobre ela e bicaram-na toda. Grande foi a confusão, tão grande que o vestido bordado acabou por ficar em pedaços e Flor de Ouro toda picada.
Os vários pedacinhos de vestido bordado, soprados pelo vento, pareciam flores de muitas cores que eram perseguidas por borboletas.
No ano seguinte, pela Primavera, nos campos onde os pedacitos de vestidos pousaram, rebentos de balsamináceas surgiram e, lá para os finais do Verão, começaram a desabrochar as primeiras flores, de cores resplandecentes que mais pareciam uma Fénix de asas abertas...
Conto tradicional Han, adaptado por MJ.Qiao Gu fiou o algodão, depois teceu-o e, por fim, fez um vestido para si. Pronto o vestido, bordou-o tomando como modelo as prendas de noivado – espigas de arroz num amarelo dourado, couves de um verde-esmeralda, pimentos e favas em tons de violeta – e ainda muitas, muitas, flores e borboletas.
Ao fim de três meses, o vestido ficou pronto. Estava lindo! Tão bonito ficou que, imediatamente, despertou inveja a Flor de Ouro, uma jovem vizinha de Qiao Gu, também noiva, mas esta do filho de uma família rica que vivia na cidade. Flor de Ouro propôs, então, que lhe desse o vestido, e em troca oferecia-lhe dez casacos de seda bordada. Qiao Gu não aceitou e, furiosa, Flor de Ouro, agarrou no vestido e fugiu a correr com ele. Desesperada Qiao Gu foi atrás dela que, vendo-se apanhada, atirou com o vestido para cima de um muro alto. Nesse preciso momento, umas pegas, seduzidas pelas cores dos bordados, desceram em voo rasante e levaram-lhe o vestido.
Muito chorou Qiao Gu. Por fim, já mais calma, decidiu recuperar o vestido que as pegas lhe haviam roubado. Com o resto do algodão confeccionou uma grande rede para nela apanhar as pegas. Pronta a rede, esperou que as pegas voltassem. Assim que elas pousaram no telhado da sua casa, estendeu a rede no chão e deitou algumas sementes. As pegas foram, de imediato, à comida e Qiao Gu rapidamente fechou a rede onde ficaram presas muitas e muitas pegas, quase uma centena delas. De repente, estas levantam voo, arrastando consigo Qiao Gu. Voaram, durante várias horas, em direcção ao sol nascente. Por fim, chegaram a uma floresta, cujas árvores de um verde cor de jade se encontravam repletas de pássaros de todas a cores. Momentos depois de as pegas pousarem e de os pássaros começarem a cantar, surge uma mulher – fada ou divindade – coberta com o lindo vestido que Qiao Gu bordara. Sabendo que Qiao Gu viera com as pegas para recuperar o vestido, a mulher ofereceu-lhe outro em troca, que Qiao Gu recusou, alegando querer vestir, no dia do seu casamento, o vestido feito pelas suas próprias mãos.
A mulher assentiu, dando o devido apreço aos argumentos de Qiao Gu. Devolvendo o vestido, de imediato desaparece, deixando Qiao Gu espantada, pois em seu lugar surge uma Fénix de cores resplandecentes que, ao levantar voo, foi logo seguida de todos os outros pássaros.
Qiao Gu compreendeu, então, que tudo fora obra da Fénix transformada em mulher.
A partir desse dia, e mesmo já depois do casamento, as pegas tornaram-se as guardiãs do vestido. Mesmo quando ia trabalhar, Qiao Gu gostava de levar consigo o vestido, colocando-o no chão. Então, as pegas poisavam junto do vestido para garantir que ninguém o vinha roubar.
Mas um dia, em que Man Cang e Qiao Gu foram ceifar, Flor de Ouro passou por ali e viu o vestido. Agarrou nele e vestiu-o logo. Mas as pegas estavam de vigia, e mal Flor de Ouro acabara de o vestir, caíram sobre ela e bicaram-na toda. Grande foi a confusão, tão grande que o vestido bordado acabou por ficar em pedaços e Flor de Ouro toda picada.
Os vários pedacinhos de vestido bordado, soprados pelo vento, pareciam flores de muitas cores que eram perseguidas por borboletas.
No ano seguinte, pela Primavera, nos campos onde os pedacitos de vestidos pousaram, rebentos de balsamináceas surgiram e, lá para os finais do Verão, começaram a desabrochar as primeiras flores, de cores resplandecentes que mais pareciam uma Fénix de asas abertas...
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