segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

«Os deuses lares»

Seguimos o fio dos dias no labirinto
(A cidade não é só as ruas
é também os ares, estrelas e pássaros
folhas e flores e papéis no vento.
Flâmulas da urbe terna de quem falamos
como se a amássemos
ou se temessemos perdê-la
na neblina). Ancorados como barcos

Falamos de voos e de viagens
adiados ou quase consumados
é a sagrada passividade que nos une
e o fluir dos sonhos iguais.

Apertamos as mãos, beijamo-nos por vezes.
E sinuoso, sobe o fumo de sândalos dos pivetes
no altar dos deuses lares.

Fernanda Dias, Horas de Papel (Poemas para Macau). Livros do Oriente. 1992

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