terça-feira, 12 de novembro de 2013

Casa Garden







Casa Garden. Macau, Outubro de 2013


“O palacete oitocentista localizado no número 13 do Largo Luís de Camões, freguesia de Santo António, foi adquirido pela Fundação Oriente em 18 de Maio de 1989, para lá instalar a sua delegação em Macau. Apesar da Gruta de Camões, um dos lugares mais emblemáticos de Macau, ter feito parte da propriedade onde se encontra o edifício, as referências ao mesmo são vagas e insuficientes. Originariamente, era uma quinta que englobava a casa e uma vasta propriedade onde se localizava a Gruta, na realidade três penedos de granito dispostos em dólmen no meio de zona muito frondosa. O edifício foi construído provavelmente em 1750, e por um português, devido à sua traça ocidental e por não ser possível, na época indicada, que europeus construíssem casa de habitação em Macau. A autorização para arrendamento de residência a estrangeiros só se obteve a partir de 1757, fruto de uma petição do Senado de Macau ao governador e vice-reinado de Goa. A Companhia Inglesa das Índias Orientais instalou-se na Casa, em 1771, tendo sido a residência do presidente do Select Committe da referida instituição. A mesma já existia em Macau, na Rua da Praia Grande, antes dessa data. O seu mais antigo proprietário conhecido foi o Conselheiro Manoel Pereira, e, aparentemente, em 1815 o palacete já era sua propriedade. No entanto, ele nunca lá viveu. Manoel Pereira faleceu em 1826, quando a sua filha herdeira tinha apenas onze meses de idade. A casa ficou conhecida não só pela sua beleza exterior e interior, como também por ter servido de alojamento a inúmeras personalidades portuguesas e estrangeiras que visitaram Macau.(…) Quando a filha  do Conselheiro Manoel Pereira, Maria Ana Pereira, se casou com o primo Lourenço Caetano Marques em 1838, a casa foi ocupada pelo casal. O mesmo tornou-se proprietário da quinta, a respeito da qual, já no século XVIII, existia a convicção que o poeta Luís de Camões tinha estado em Macau e visitado a gruta que teria servido de refúgio para as suas divagações poéticas. (…) Aparentemente, enquanto Lourenço Marques foi titular da zona da gruta, realizou uma série de obras de restauro sobre a mesma, que foram destruídas após a passagem de toda a propriedade, incluindo o palacete, para a posse do Governo.  Com efeito, prevaleceu a tese de que a área devia ser conservada o mais natural possível. Os padres Jesuítas franceses fizeram uma proposta para comprar a casa e apesar de Lourenço Marques se encontrar em dificuldades económicas preferiu vender ao Estado português por metade do preço. Era de opinião que um palacete como a casa e a gruta de Camões era património nacional e não devia ser alienado. (…)"
Anabela Nunes Monteiro. "Casa Garden", in Ditema - Dicionário Temático de Macau, Volume I, 2010.


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