quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Hotel Lisboa: "Possuía, isso sim, a forma de uma gaiola"

"(...)
O Hotel Lisboa, dir-nos-ia, o que, aliás, seria, posteriormente, corrigido pelo Dr. Miguel Venâncio, fora, de acordo com as determinações rigorosamente respeitadas da geomancia (em chinês, fong-sôi), construído à imagem de um dragão, símbolo da força, da supremacia, da virilidade masculina.
Se, conforme o director da Editora, o hotel, seguindo a orientação fornecida por um daqueles especialistas, geralmente provectos cidadãos disfrutando de elevado prestígio e consultando as entranhas da terra através de complicada aparelhagem, possuía, isso sim, a forma de uma gaiola onde os jogadores ficariam provisoriamente retidos, mas com várias possibilidades de evasão, metaforicamente concedidas por determinadas estruturas ornamentais não completamente intransponíveis, poderia, outrossim, como revelariam várias fotos de Maria Virgínia, adquirir a forma de resplandecente fortaleza ou de um desses bolos rodeados de palitos La Reine (...)".
António Rebordão Navarro. As Portas do Cerco. Livros do Oriente, Macau, 1992

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