Praça Ferreira do Amaral, 1986
"Além do visto que não tínhamos necessitaríamos de um carro com dupla matrícula (macaense e chinesa) para passar as portas com propriedade chamadas do cerco, um arco erigido em póstuma homenagem ao cavaleiro da estátua indesejada, João Maria Ferreira do Amaral, que, ao desembarcar, em 1846, como governador, no Território, já não possuía o braço direito. Perdera-o vinte e três anos antes, na batalha de Itaparica, cidadezinha da Baía.
(...)
Cedo no território o Governador se faria temido. A sua ousadia roçando a insensatez, profundo desprezo pela vida, não se coadunaria com peitas, subornos, lisonjas, golpes palacianos. A variação brusca das suas reacções, tornando-o resvaladiço, incalculável, faziam-no também distante, muitíssimo perigoso. Era diferente, estranho, incoerente e isto assustava, frustrava, confundia, afastava as pessoas que não podiam contar com o comandante, nele confiar. (...)"
António Rebordão Navarro. As Portas do Cerco. Livros do Oriente, 1992
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