terça-feira, 23 de maio de 2006

Má-Káu-Seak, o Rochedo do Cavalo no Coito

Macau Seac foi o nome de uma via, que hoje é conhecida por Avenida do Almirante Magalhães Correia, na Areia Preta, entre a Estrada da Areia Preta e a Rua dos Pescadores. Uma outra via pública, para os lados da Bela Vista, teve, em tempos, também essa designação (1). Diz-nos o Padre Teixeira que Má-Káu-Seak significa «Rochedo do Cavalo no Coito», «pois essa pedra tinha a forma de dois cavalos a cobrir-se um ao outro; ficava na Areia Preta, sendo destruída há vários anos, durante os trabalhos das Obras dos Portos» (2).
Também Almerindo Lessa (3) se refere a este rochedo, designando-o por «Rochedo do Dragão-Cavalo»: «diminuto, áspero e sem base, pois é sustentado por três pequenos blocos de pedra, que têm sido conservados até hoje, alisados pelas vagas do mar.»
Este rochedo do «Dragão-Cavalo» ou do «Cavalo no Coito», Má-Káu-Seak, há muito desaparecido e sepultado debaixo dos aterros, deu azo a que se lhe atribuísse a origem do nome de Macau (4), hipótese actualmente posta de lado, prevalecendo «a que nos dá Mateus Ricci dizendo que os mandarins deram licença aos portugueses de se fixar na península de Macau, dove era venerata una pagoda, che chiamano Ama. Per questo chiamavam quel louogo Amacao (...)» (5). Almerindo Lessa diz que os chineses dão a Macau, entre outros, o nome de Ou-Mun ou «Porta da Baía», sendo este o mais corrente. De outras designações que lhe são atribuídas, salienta-se a de Sap-Tchi-Mun ou «Porta em forma da letra dez», nome curioso que deriva do facto de existirem quatro ilhas ao sul da baía, separadas umas das outras por forma a criarem a imagem da letra sap (dez).
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(1) O nome Ma Kau Seak persiste hoje numa travessa, entre a Av. do Dr. Francisco Vieira Machado e a Rua dos Pescadores.
(2) Padre Manuel Teixeira. Toponímia de Macau, tomo 1, págs. 38-39
(3) Almerindo Lessa, citado por P. M. Teixeira.
(4) Em Sino-Portuguese Trade from 1514-1644: a Synthesis of Portuguese and Chinese Sources, 1934, T'ien-Tsê-Chang atribui o nome de Macau ao famoso rochedo «chamado Má-chião (...) ou Ma-Kao em cantonês».
(5) Padre Manuel Teixeira, ob. citada. pág. 39

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