Cais do Porto com chuva. Macau, 1936
"(...) Cais do porto com chuva, onde se vê um interessante tipo de barco fluvial chinês - um flower boat, ou barco de flores - uma novidade que não existia há dez anos no Porto de Macau mas tradicional no Porto de Cantão, onde se encontravam, às dezenas, formando um verdadeiro bairro aquático de prazer, cujo acesso aos europeus nem sempre era livre de escolhos.Dentro daqueles barcos era um cenário de fantasia, daquela fantasia que a gente aqui sonha que seja tudo na China e que tanta desilusão nos acarreta quando lá chegamos; uma fantasia mergulhada num mar de luz - da luz tão querida dos chineses - em sedas brilhantes, em cores garridas, em decorações vermelhas e doiradas, lanternas, música e pi-pa-t'chai galantes que servem aos chineses para dissipar as agruras da vida (...) "
Lorchas e Tancares. Macau, 1937
" (...) São uns barcos típicos (as lorchas), estranhos, que à primeira vista parecem andar para trás, de excelentes qualidades náuticas, onde os mestres chinas realizam prodígios de manobra, e que imprimem uma nota muito típica e de extraordinário interesse artístico à paisagem marítima de Macau.
As lorchas constituem uma indelével nota nostálgica da China, principalmente para quem lá passou a vida no mar."
Excertos de uma conferência de Jaime do Inso, publicada em livro com o título Quadros de Macau, sobre a pintura de Fausto Sampaio dedicada a Macau.
Texto retirado de Carlos Pinto Santos e Orlando Neves. De Longe à China. Macau na Historiografia e na Literatura Portuguesas. Tomo III. ICM, 1996
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