Uma outra lenda sobre a aldeia de Mong Há e os seus supersticiosos habitantes, narrada pelo Padre Teixeira(1) – citando as Curiosidades de Macau Antiga, de Gonzaga Gomes – conta que os aldeões, originários de Fók-kim, assim que se fixaram no povoado, trataram de construir um pequeno santuário, para nele prestarem culto aos seus antepassados. Sendo agricultores, esforçaram-se por lavrar as terras em volta da aldeia; contudo, a terra era ruim e nela apenas cresciam estevas e silvas. Ora, um belo dia – e aqui vem mais um milagre! – viram, no meio dos arbustos, um rabo de dragão e, logo a seguir, ouviram um tremendo rugido, a terra tremeu, ao mesmo tempo que dela saía uma negra coluna de vapor. Apavorados, os supersticiosos aldeões, entraram em pânico, maldizendo os deuses que os castigavam daquela maneira... Mas, refeitos do susto, viram, então, que a terra, no lugar onde aparecera o tal rabo de dragão, era agora negra e húmida, excelente para a agricultura. Fora este milagre, para os bons aldeões, obra do dragão. E por esse motivo passaram a designar a aldeia por Lông-T’in Tch’un, o que, traduzido para a nossa língua lusa, quer dizer «aldeia das várzeas do dragão».
(1) Padre Manuel Teixeira. Toponímia de Macau. Instituto Cultural de Macau. 1997
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