terça-feira, 30 de setembro de 2008

A Má

Templo da Barra. (Macau, Setembro de 2008)

A Ma

Da navegação vária se recolheu
o porto e o abrigo, de tão longe ansiados,
da procelosa vaga colhido
após tormentas e angústias diversas,
eis quantas alegrias aqui, quantas agruras,
quantas porfias de tanta caminhada;
da variada sorte cresceram cantos
e versos aqui deixados pela manhã,
vindos ao lugar pacífico e sereno;
dessa deusa porfiosa e fasta
se deu à terra o barco
e a própria vida; nada infelice
se criou o lugar de que se disse,
após tanta viagem temerosa,
que seria o mais feliz e propício:
e se à própria vida chegou
nesta praia primitiva,
foi à vida que veio a morte
tão antiga e tamanha, e tal sorte.

José Valle de Figueiredo. O Provedor de Vivos. Lisboa, 1988

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