«Celebra-se no dia 4 ou 5 da terceira lua (4 ou 5 de Abril no Calendário Gregoriano). Marca o início do Verão, estação do calor e da abundância, da luz e da vida, conotada com o princípio masculino (yang), em oposição ao Inverno, estação do frio e da escassez, da escuridão e da morte, relacionada com o princípio feminino (yin).
Originalmente comemorava-se o rejuvenescimento das forças da natureza e da renovação da vida, coincidindo com a aproximação do solstício de Verão, altura em que o sol atinge o seu zénite. Para o ajudar a manter o brilho e calor necessários à maturação das sementes e frutos, acendiam-se fogueiras e executavam-se rituais em sua honra, tal como antes do solstício de Inverno, porque nesse período o sol corria o perigo de não voltar a iluminar. Era necessário fazê-lo renascer, pois com a sua morte viria o caos. Por isso, desde os tempos imemoriais que por ocasião do solstício se acendiam fogueiras, magicamente para aquecer o sol e fazê-lo reviver.
Na Roma antiga, durante o solstício de Inverno, organizavam-se jogos solenes, folguedos, danças e cantares à volta de grandes fogueiras. Esse costume espalhou-se por toda a Europa e ainda hoje existe em muitas regiões de Portugal (Natal e Ano Novo, S. João...).
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Ana M. Amaro liga a origem do Cheng Meng à crença numa velha cosmogonia, segundo a qual no fim da Primavera surgiam no céu duas estrelas correspondentes aos elementos madeira e fogo: "Temendo-se que o princípio fogo dessa estrela se tornasse 'forte' e queimasse toda a madeira, provocando o desequílibrio cósmico, adoptou-se a pratica de não acender fogo na terra. O primeiro fogo era aceso ritualmente no dia do Cheng Meng. Daí o nome Pura Claridade dado a esse dia".
Mas, quarenta e oito horas antes do actual Cheng Meng, os chineses tinham o costume de visitar as sepulturas dos seus antepassados para lhes oferecer vestuário, calçado, dinheiro e alimentos cozinhados na festividade da "Comida Fria", por ser proibido acender o lume e, como tal, apenas se podiam ingerir alimentos frios.
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Se a festividade era de vida, como se abandonaram essas práticas simbólicas e se passou para um festival de morte, de visita aos túmulos e culto dos antepassados?
António Pedro Pires. O culto dos antepassados em Macau. Edições Afrontamento, 1999
Originalmente comemorava-se o rejuvenescimento das forças da natureza e da renovação da vida, coincidindo com a aproximação do solstício de Verão, altura em que o sol atinge o seu zénite. Para o ajudar a manter o brilho e calor necessários à maturação das sementes e frutos, acendiam-se fogueiras e executavam-se rituais em sua honra, tal como antes do solstício de Inverno, porque nesse período o sol corria o perigo de não voltar a iluminar. Era necessário fazê-lo renascer, pois com a sua morte viria o caos. Por isso, desde os tempos imemoriais que por ocasião do solstício se acendiam fogueiras, magicamente para aquecer o sol e fazê-lo reviver.
Na Roma antiga, durante o solstício de Inverno, organizavam-se jogos solenes, folguedos, danças e cantares à volta de grandes fogueiras. Esse costume espalhou-se por toda a Europa e ainda hoje existe em muitas regiões de Portugal (Natal e Ano Novo, S. João...).
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Ana M. Amaro liga a origem do Cheng Meng à crença numa velha cosmogonia, segundo a qual no fim da Primavera surgiam no céu duas estrelas correspondentes aos elementos madeira e fogo: "Temendo-se que o princípio fogo dessa estrela se tornasse 'forte' e queimasse toda a madeira, provocando o desequílibrio cósmico, adoptou-se a pratica de não acender fogo na terra. O primeiro fogo era aceso ritualmente no dia do Cheng Meng. Daí o nome Pura Claridade dado a esse dia".
Mas, quarenta e oito horas antes do actual Cheng Meng, os chineses tinham o costume de visitar as sepulturas dos seus antepassados para lhes oferecer vestuário, calçado, dinheiro e alimentos cozinhados na festividade da "Comida Fria", por ser proibido acender o lume e, como tal, apenas se podiam ingerir alimentos frios.
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Se a festividade era de vida, como se abandonaram essas práticas simbólicas e se passou para um festival de morte, de visita aos túmulos e culto dos antepassados?
- Para a filosofia e religião tradicional chinesa, de acordo com os princípios cósmicos do yin e do yang, existem dois tipos de almas na pessoa humana que, depois da morte, se separam, partindo uma para o Outro Mundo e ficando a outra com o corpo na sepultura. Esta deve sentir-se confortável no túmulo segundo os princípios do "fong soi" e necessita de culto e cuidados para não se transformar em espírito maléfico. Visita a sua antiga morada e entra em contacto com os descendentes, influenciando as suas vidas, cumulando-os de bênçãos ou maldições.Como a sociedade chinesa era eminentemente agícola, a fome e a bundância, a pobreza e a riqueza estavam dependentes do que a terra produzia. Sementeiras, amadurecimento dos frutos, boas colheitas dependiam da protecção dos deuses e dos antepassados. Era necessário propiciá-los, oferecer-lhes tudo o que necessitavam no Além para que a terra trouxesse abundância de cereais e frutos. E a morte associou-se à celebração da vida, transformando a Festividade da Pura Claridade no ritual da visita à morada dos antepassados para com eles celebrar o banquete da vida que se renova! Com os presentes que se trocam, os segredos que se contam, a harmonia sai reforçada, a solidariedade fortalecida».
António Pedro Pires. O culto dos antepassados em Macau. Edições Afrontamento, 1999
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