domingo, 4 de abril de 2010

Tabuletas ancestrais

Tabuletas ancestrais no Choc Lam Si em Macau
(Fotografia, Abril de 2008)


A tabuleta ancestral (Long Pai) representa o antepassado. Com cerca de 10 a 20 cm de largura e o dobro de altura, nela encontra-se inscrito o nome, o título ou funções do falecido e uma das suas almas (a outra parte para o Outro Mundo). É venerada no altar ancestral, que pode ser em casa ou num templo.
Todos os dias presta-se-lhe culto, queima-se incenso e oferece-se chá, fruta ou outros bens. Porém, é objecto de culto especial em determinados dias do ano, sobretudo no dia do seu aniversário e nas festividades mais importantes. Se o culto diário é tarefa de mulheres, já o culto especial compete ao chefe da família.
«Para que um espírito passe a habitar estas tão simples moradas de madeira, não é suficiente gravar nelas o respectivo nome. O ritual para esta cerimónia foi descrito no livro Tso-chuan, e consiste em exorcitar o espírito do falecido e a inscrever na tabuleta, além do seu nome, o ideograma chu.
Este ideograma que significa dono ou senhor (tradução livre), deve ser gravado por uma pessoa muito próxima do defunto, e de impecável virtude. No momento de o inscrever, o celebrante deve respirar sobre a ponta do pincel, antes de aplicar o primeiro traço. No instante exacto em que aplica o pincel sobre a madeira, deve conter a respiração, e concentrar-se na imagem mental do defunto, como se a alma daquele se concentrasse, realmente, nesse ponto da madeira» (Amaro: p. 56)

Fontes:
Ana Maria Amaro. «Rituais da Morte, Rituais da Vida na Antiga China». RC - Revista de Cultura, Nº 18, 1994
António Pedro Pires. O culto dos antepassados em Macau. Edições Afrontamento, 1999

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