domingo, 16 de maio de 2010

Kun Iam, a Deusa da Misericórdia

A deusa Kun Iam e outras divindades no Fok Tak Chi, na Travessa da Porta. Macau, 2010


Guanyin - ou Goon Yam ou Kun Iam -, divindade importada, tal como o Budismo, do Norte da Índia, cerca de 500 anos a.C., é uma bodhisattva (Avalokitesvara), que possuía, originalmente, a forma masculina, assumindo depois a feminina. Divinizada pelo “imperador de Jade”, Kun Iam, a deusa da Compaixão e da Misericórdia, dispõe de poderes de omnipresença e assume, sempre que disso necessite, a forma que quiser, ora nova, ora velha, para melhor poder ajudar os seus crentes. É também representada com mil braços e mil olhos, “que a todos acolhe e que tudo vê”. E, em Macau, é frequentemente designada por “Nossa Senhora dos chineses budistas”.
A sua imagem é uma presença constante em altares domésticos ou mesmo na rua, em pequenos altares ou simples oratórios. Surge muitas vezes representada com uma flor de lótus ou com uma jarra de jade e um ramo de salgueiro numa das mãos. Noutras, acompanhada por uma criança, Shan Ying, personagem de uma das suas lendas.
De acordo com uma das lendas, questionando os deuses sobre a razão do sofrimento dos mortais e do que poderia fazer para os acudir, recebeu de Buda uma mensagem para ir até ao cume do Monte Sumeru, procurar uma flor de lótus branca e uma jarra de jade, pois com elas tornar-se-ia uma bodhisattva e concretizaria o seu desejo de ajudar os outros. Ao chegar ao cume do monte, Buda voltou a aparecer-lhe e entregou-lhe a flor de lótus e a jarra, recomendando-lhe que as colocasse no seu altar e que meditasse até ao dia em que da jarra brotasse um ramo de salgueiro. Nesse dia, tornar-se-ia bodhisatta e ascenderia ao céu. Mas, passaram-se alguns anos, e por muito que meditasse a jarra continuava vazia. Um dia, porém Shan Ying, uma criança traquinas, resolveu pregar-lhe uma partida, enchendo a jarra de água e colocando-lhe um ramo de salgueiro. Entretanto, a jovem sonhava que um rapaz que não conseguia reconhecer, viera ajudá-la a tornar-se bodhisatta. Recolheu-se, então, a meditar junto à flor de lótus, segurando a jarra com o ramo de salgueiro. Pouco depois, começou a levitar e sentada na flor, que entretanto aumentara de tamanho, agradeceu à criança e ascendeu ao Céu, nesse dia, o 19º da 6ª lua.

Fontes:
Cecília Jorge. Deuses e Divindades . Gods and Deities. Direcção dos Serviços de Correios, 2005

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