I
AMOR E DEDINHOS DE PÉS
Oh a Rua Central
depois da missa das onze de domingo na Sé
com as montras vistosas
das novidades de Paris
oh as casas da minha amada
no Largo do Lilau na Ilha Verde
onde amei a minha noiva
feia noiva bonita como escreve
o contador de histórias o cronista
desse Macau que foi meu pelos seus livros
e num canto suave da memória
fica a história da sua cidade
minha
II
TANCAREIRA
"Amou seu homem
num alto mar poético e sem lua
e aí gerou a filha
que partiu
para não ser sua
a mesma escravidão
de amarrada ao seu tancá
não ter mesmo outro futuro
que o futuro que o rio dá"
Não sei se chorei Amigo
a tristeza desta história
ou se fui buscar contigo
em igual arca da memória
pedaços de vida vivida
laivos de vida esquecida
doutras terras doutras gentes
III
NO JARDIM DE S. FRANCISCO
Numa tarde serena e ociosa
embrenho-me pensativo pelo jardim
procurando ouvir as histórias
que me quer contar
o tronco silencioso
de velha árvore frondosa
de repente pressinto
dois vultos de jovens namorados
ternamente enlaçados
ele meio oculto meio envergonhado
ela muito bela de uma beleza trigueira
e então pressinto que ela é
a jovem da trança feiticeira
Carlos Frota. Dos Rios e Suas Margens. Macau, 1998
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