Vamos amiga, minha sombraJá sumiram as pegas desenganadasNa escuridão da noiteSó o silêncio acolhe o coaxar dos saposAtirando para a orla do céuA lua enferrujadaA oriente, o sol sangrento ascendeNa luz da aurora um pássaro azul despertaDebica o puro e fresco orvalhoVem, estende as mãos, desanuvia o céuDeixa a madrugada revelar o matiz de cristalOusa a nudez primeva, com canduraLava-te na luz da alva como um recém-nascidoSe o deserto odeia a sua própria aridezSe transplantar uma vida é uma lenta agoniaConfia no tronco que emerge do chão profundoRompe o círculo dos anos no corte do lenhoLivra a alma, arranca das areias a barba estérilDeixa o universo rodopiar num torvelinhoArrastando para longe as suas raízes.Gao Ge. Poemas. Colecção Escritas de Macau. Instituto Português do Oriente, 2007. (Poemas de Gao Ge traduzidos para português por Fernanda Dias segundo tradução literal comentada por Stella Lee Shuk Yee)
Biografia Sumária do Poeta Gao Ge publicada no livro Poemas:
"Gao Ge, poeta de Macau, nasceu em 1940, em Fujian. O seu nome oficial é Huang Xiaofeng.
É licenciado em letras pela Universidade de Xiamen. Fez o mestrado em Educação na Universidade de Wuhan e o Doutoramento em História na Universidade de Jinan.
Reside em Macau desde os anos setenta, onde se tem dedicado ao ensino da História da Arte.
Tem vasta obra poética e didáctica publicada em língua chinesa, e desenvolveu actividade editorial nas seguintes publicações:
Editor da página de letras do Jornal Hua Qiao
Editor da Revista de Cultura de Macau desde 1980.
É membro fundador da Associação de Escritores de Macau e Presidente da Associação de Poesia "Maio".
Actualmente ensina "História da Cultura de Macau" e "História Universal da Arte" no Instituto Politécnico de Macau".
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