Legenda: Macao - Public Garden. Edição: Union Postale Universelle.
Data: ca. de 1890
O Jardim de S. Francisco, ou Ka Si Lán Fá Yun, o Jardim dos Castelhanos, para os chineses, foi o Passeio Público de Macau e possuía um coreto onde tocava uma banda, ao pôr do sol, aos domingos e quintas-feiras. "A banda continuou ali a tocar por longos anos num coreto apropriado", diz o Padre Teixeira(1), "e só cessou de tocar quando esta última foi dissolvida a 9 de Outubro de 1935".
"19 de Setembro de 1883(...)No meu regresso entrei no pequeno jardim público, que tinha antigamente a forma de um jardim simétrico e regular, medido e traçado a compasso, e que o meu colega Brito tentou transformar em jardim e parque moderno, à inglesa. Está muito limpo e varrido e é este o seu único mérito, tendo muito pequena área e sendo vulgares as plantas que o adornam. Um guarda e jardineiro mostra-se como a medo e oferece a figura a mais extraordinária e original que é possível imaginar. É um china, um verdadeiro china de rabicho, mas vestido de cabaia e calção encarnados! Soube depois que para aquela pitoresca toilette fora aproveitado um pano de mesa, ou uns velhos reposteiros, que havia nas Obras Públicas. Mais extravagante do que aquela figura só ali vi a de muitas plantas em vasos a que a paciência e teimosia do chinês contrafizera por muito tempo, até obrigá-las a tomarem a forma de um dragão, de uma ave, de um mandarim ou mandarina, etc... Para a semelhança ser maior, adicionavam-lhes pequenas cabeças de porcelana e olhos de vidro reluzentes. Parece que o chim se compraz em contrariar a natureza. Pois pode admitir-se uma laranjeira, um pinheiro de vinte e trinta anos de idade, vivendo em um pequeno vaso de barro?!(...)20 de Setembro de 1883(...)Ao pôr do sol fui ao jardim público onde tocou a banda do corpo de Polícia, por ser quinta-feira. É toda composta de indígenas de Goa, que executam muito sofrivelmente músicas clássicas, peças italianas e composições escolhidas. A concorrência era pequena, e por entre os passeantes perpassava, mefistofélio, o guarda do jardim com a sua cabaia encarnada."Adolfo Loureiro. No Oriente, de Nápoles à China. in Carlos Pinto Santos e Orlando Neves. De longe à China. Macau na Historiografia e na Literatura Portuguesas. Tomo II, ICM, 1998
(1) P. Manuel Teixeira. Toponímia de Macau, Vol 1. ICM, 1997
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