segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Desenhos de Chan Chi Lek

Templo de Lin Fong, 1998
Templo de Na Tcha na Calçada das Verdades, 1998
Calçada da Igreja de S. Lázaro, 1998

Bilhetes postais com desenhos de Chan Chi Lek publicados pelo Centro Unesco de Macau e Fundação Macau.

domingo, 28 de novembro de 2010

Descobre-se um belo panorama

Vista panorâmica de Macau
Fotografia publicada na Illustração Portugueza de 28 de Dezembro de 1908

"Do Farol da Guia - o primeiro que se acendeu em todo o mar da China - descobre-se um belo panorama. Vê-se a rade, as ilhas da Taipa, da Lapa e de D. João; a cidade subindo quase até à Penha de França; o Porto Interior com a Ilha Verde; Mong-Ha, a estreita língua do istmo, Passaleão e as azuladas distantes montanhas da China."
Conde de Arnoso. "Em Macau. Jornadas pelo Mundo (1894). in De Longe à China. Macau na Historiografia e na Literatura Portuguesas. Tomo II, ICM, 1988

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

É um panorama fulgurante

"Teatime patrons dancing on terrace of Bela Vista Hotel to music of Filipino swing band". 1949 . Fotografia de Jack Birns - Time Life Pictures / Getty Images.

"Dirigimo-nos, mais tarde, a um hotel, que espairece junto da colina da Senhora da Penha. (...)  O velho hotel, onde residem muitos funcionários lusitanos, está sobranceiro ao mar. Tem uma larga varanda de pedra e, ao lado, frondosas árvores. Dele se vêem, em frente, algumas ilhas, à esquerda a colina do Farol da Guia, mais abaixo a grande e rútila enseada, com a sua praia e o seu branco casario. É um panorama fulgurante (...)".
Ferreira de Castro. A Volta ao Mundo (1944). in De Longe à China. Macau na Historiografia e na Literatura Portuguesas. Tomo 3, ICM, 1996

Hotel Boa Vista

O Hotel Boa Vista. 
Fotógrafo não identificado. 
Illustração Portugueza de 14 de Dezembro de 1908


O Hotel Boa Vista foi fundado em 1890 pelo inglês William Edward Clarke.
O edifício, construído cerca de 1870 para residência da família Remédios, foi adquirido pelo capitão Clarke com o objectivo de o transformar num estabelecimento hoteleiro de qualidade, em especial para os visitantes da vizinha colónia britânica de Hong Kong.

Entre 1917 e 1923, acolheu o Liceu de Macau, onde leccionou Camilo Pessanha. Voltou a ser hotel, mas com o nome de Bela Vista. Mais tarde, de 1934 a 36, foi alojamento de oficiais britânicos que em Macau aprendiam cantonês e, durante guerra do Pacífico, residência de refugiados de Hong Kong e Xangai. Em 1948, regressou novamente à sua função hoteleira, como Hotel Bela Vista.

Com três pisos e traços do neoclássico local - "as arcadas, as colunas, os balaustres, os arcos de volta inteira, as molduras e, mesmo, um pequeno frontão"* -, o edifício é hoje residência oficial do cônsul-geral de Portugal em Macau. Está classificado como Edifício de Interesse Arquitectónico.


Fontes:
* Maria de Lourdes Rodrigues Costa. História da Arquitectura em Macau. ICM, 1997
Celina Veiga de Oliveira e Jorge Cavalheiro. Guia Histórico-Cultural de Macau. Instituto de Estudos Europeus de Macau, 1999
Pedro Dias. A Urbanização e a Arquitectura dos Portugueses em Macau. Portugal Telecom,  2005

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Palácio do Governo

O Palácio do Governo. 
Fotografia publicada na Illustração Portugueza de 14 de Dezembro de 1908.
Fotógrafo não identificado.

"O Palácio do Governo, comprado à família Cercal, é um vasto edifício de bela aparência. Durante algum tempo estiveram nela diversas repartições; mais tarde, durante a última administração, todas se instalaram, com grande comodidade para o serviço público, no antigo Palácio do Governo, um óptimo edifício também, e onde principalmente se admira a sala do tribunal, que era a antiga sala do trono do palácio. (...) Ao lado fica o pequeno Correio estabelecido também durante o governo de Tomás da Rosa. Até então era coisa que não havia na província! Toda a correspondência se enviava, pelo vapor da carreira, ao correio de Hong Kong". 
Conde de Arnoso. "Em Macau". Jornadas pelo Mundo (1894). in De Longe à China. Macau na Historiografia e na Literatura Portuguesas. Tomo II, ICM, 1988

Em 1851, o governador Isidoro Francisco Guimarães, visconde da Praia Grande, mandou construir um palácio na avenida da Praia Grande, em frente do fortim de S. Pedro, para nele instalar o Palácio do Governo e diversos serviços. Em 1884, a sede do governo passou para o palácio do visconde do Cercal, ficando no anterior palácio apenas os serviços públicos. Em 1951, o Palácio das Repartições (demolido em 1946) foi substituído pelo Edifício das Repartições Públicas, que a partir da década de 80 albergou o Tribunal de Macau.


Fontes:
Maria de Lourdes Rodrigues Costa. História da Arquitectura em Macau. ICM, 1997

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A vila da Taipa

A vila da Taipa. À esquerda, a igreja de Nossa Senhora do Carmo.
Fotografia publicada ma Illustração Portugueza de 14 de Dezembro de 1908
Fotógrafo não identificado.

A Taipa, que em chinês é conhecida por  Tâm Tchai ou Pequeno Lago, estava, ainda no início do século XX, dividida em duas ilhas - a Taipa Grande ou Taipa Quebrada e a Taipa Pequena - separadas por uma estreita língua de mar. Foram, mais tarde, unificadas por assoreamentos naturais e, posteriormente, por aterros. Foi junto a uma das suas colinas - na Taipa Pequena - que se constituiu a povoação da Taipa, com um ancoradouro. Aqui, desde o século XVII, "os barcos estrangeiros que se dirigiam a Cantão, subindo o rio das Pérolas e que deviam tomar a bordo, em Macau, piloto e intérprete, apenas eram autorizados a seguir viagem depois de fundearem na Taipa, local portanto bem conhecido dos marinheiros, a ponto de algumas cartas marítimas se referirem a Macau como 'porto da Taipa'"*.

Em 1869, foi criado o concelho municipal das ilhas, que esteve instalado na fortaleza da Taipa durante dez anos, altura em que passou para um edifício próprio, na vila da Taipa. Em 1875, o comandante militar da Taipa expôs a necessidade de construção de uma capela em cada ilha, sendo a da Taipa a primeira a ser construída, localizada numa pequena elevação junto à vila e dedicada a Nossa Senhora do Monte do Carmo. Com o projecto elaborado em 1882, a igreja ficaria concluída em 1885.
Data também de 1882 o início do processo de arborização da Taipa.
Até  1974, quando foi inaugurada a ponte Governador Nobre de Carvalho, a ligação entre Macau e a Taipa era feita apenas por barcos da carreira ou de pescadores.


* Maria de Lourdes Rodrigues Costa. História da Arquitectura em Macau. Instituto Cultural de Macau, 1997

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Fortaleza da Taipa

 A Fortaleza da Taipa  e o monumento em memória das vítimas da explosão da fragata D. Maria II
Taipa, Novembro de 2010


Fortaleza da Taipa


Fortaleza da Taipa, 1908. 
Fotografia publicada na Illustração Portugueza de 14 de Dezembro de 1908.
Fotógrafo não identificado.


O Forte da Ilha da Taipa foi construído em 1847 sob a direcção do 1º tenente da Marinha Pedro José da Silva Loureiro, por ordem do governador Ferreira do Amaral e a pedido da população local, sendo por ela custeado. 
Localizada na costa oeste da ilha e, primitivamente, junto às águas, a fortaleza controlava o tráfego marítimo entre a Taipa e a Ilha de D. João e defendia a população local contra os constantes ataques dos piratas. Era um forte costeiro que, actualmente, se encontra afastado do mar devido aos aterros. O pequeno edifício situado no interior da fortaleza serviu de residência de Verão dos governantes de Macau. Desde 1999, é a sede da Associação dos Escuteiros de Macau.
Em 1851, foi levantado um monumento em memória das vítimas da explosão da fragata D. Maria II, ocorrida no ano anterior (a 29 de Outubro). A fragata encontrava-se fundeada no ancoradouro da Taipa e a explosão foi devida ao incêndio do paiol de 300 barris de pólvora. O monumento encontra-se  situado no topo de uma escadaria, no pequeno jardim junto à fortaleza.


Fontes:
Maria de Lourdes Rodrigues da Costa, História da Arquitectura em Macau, Instituto Cultural de Macau, 1997
P. Manuel Teixeira. A Voz das Pedras de Macau. Macau, Imprensa Nacional, 1980
Pedro Dias, A Urbanização e a Arquitectura dos Portugueses em Macau 1557-1911. Ed. Portugal Telecom, 2005

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Uma casa privada na Praia Grande

"Uma casa privada localizada na Praia Grande". Macau, década de 1900
Colecção: Fotografias Antigas de Macau
Edição: Instituto Cultural de Macau, 2009


"Em geral as casas dos moradores de Macau são muito boas, e mais vastas, elegantes e cómodas do que aquelas que em Portugal habitam pessoas de igual condição; têm belas entradas e escadarias, largas venezianas nas janelas ou varandas e boas mobílias: em Macau há bastante gosto neste ponto, e o maior luxo consiste em ter mobília, loiças e vários objectos da Europa; as escadas e os sobrados são pitados a óleo com diferentes debuxos, o que é de bonito efeito".
Carlos José Caldeira.  Apontamentos de uma viagem de Lisboa à China e da China a Lisboa. in Carlos Pinto Santos e Orlando Neves. De Longe à China. Macau na Historiografia e na Literatura Portuguesas. ICM, Tomo II, 1988

Farol da Guia

Farol da Guia, 1908. 
Fotografia publicada na Illustração Portugueza de 14 de Dezembro de 1908.
Fotógrafo não identificado.

Iniciada a construção em 1864 e concebido pelo macaense Carlos Vicente Rocha, o Farol da Guia acendeu-se, pela primeira vez, a 24 de Setembro de 1865. Foi construído sob a direcção do governador Coelho do Amaral e custeado pela comunidade estrangeira de Macau.

É o farol mais antigo da China e encontra-se situado na latitude de 21º 11' Norte e na longitude de 113º 33' a Leste de Greenwich. A torre mede 13,5 metros, da base à cúpula, e a sua luz eleva-se a 101,5 metros acima do nível do mar, nas mais altas marés de tempo calmo. A luz é branca e visível, em tempo claro, a 20 milhas.

O primeiro farol funcionava com um candeeiro a petróleo, cujo autor do maquinismo era o hábil macaense Carlos Vicente da Rocha. "Tão curioso era o modelo desse farol que o seu autor o enviou para Lisboa, onde se conservou muito tempo na Sala do Risco do Ministério da Marinha até que um incêndio o devorou"(Teixeira, 1997).

O tufão de 22 de Setembro de 1874 causou várias avarias, tendo sido reconstruída a sua torre. Em 1910 foi substituída a aparelhagem por outra moderna a energia eléctrica.
O seu primeiro faroleiro foi um velho soldado reformado chamado Diogo, que acumulava também as funções de fiel da fortaleza.


Fontes:
Beatriz Basto da Silva. Cronologia da História de Macau, Século XIX, vol 3, 1995
Diogo Fernandes. "O mais antigo da China. Farol da Guia: uma luz no Oriente". Revista Nam Van, nº 16 de 1 de Setembro de 1985
Padre Manuel Teixeira. Toponímia de Macau, vol 1, ICM, 1997

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Rua da Casa Forte e Bazarinho

Rua da Casa Forte. Macau, Novembro de 2010

Começa junto à Rua de S. Lourenço, ao lado do Pátio da Casa Forte, e termina na Rua do Bazarinho, junto ao local onde se encontra o altar de Tou Tei, mesmo em frente à Travessa de Maria Lucinda.

Data de 1719 a fundação das "Casas Fortes" ou quartéis da Polícia. Eram três e encontravam-se instaladas nos bairros de S. Lourenço, Santo António e Sé Catedral. Cada uma tinha um capitão e sete praças ou ordenanças. Em 1754, o Senado requereu ao vice-rei da Índia a extinção das "Casas Fortes", "por serem escusadas e por não servirem de utilidade alguma para a segurança da terra, dando só despesa"*, mas não foram, então, extintas.

No termo da Rua da Casa Forte, a Travessa de Maria Lucinda e o altar de Tou Tei, o deus da terra. Macau, Novembro de 2010

Rua do Bazarinho. Macau, Novembro de 2010

A Rua do Bazarinho, assim designada para se distinguir do Bazar Grande em S. Domingos, começa junto ao Pátio da Ilusão, na Travessa do Mata-Tigre, e termina no entroncamento da Calçada de Eugénio Gonçalves com a Rua das Alabardas. Para os chineses é a Rua do Marinheiro, a oeste - Soi Sau Sai Kau -, pois existia outra rua do Marinheiro, esta a sul.

* Fonte: P. Manuel Teixeira, Toponímia de Macau, Vol 1, Instituto Cultural de Macau, 1997

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Os autos, ou o teatro chinês em Macau

The Theatre at Macao / O teatro de Macau
in The Illustrated London News, 17 March 1866
(imagem publicada em Oriente, nº 14, Fundação Oriente, Lisboa)


"Não há edifício permanente para teatro, e o mesmo sucede nas cidades chinesas: parece que só em alguns grandes pagodes há local e construção apropriadas para estes espectáculos, que, em geral, se representam num grande barracão com o tecto angular e muito elevado coberto com esteiras ou colmo; o madeiramento é formado de bambus, fortemente ligados com fios de rotim; é aberto por todos os lados, e só tem uma frágil parede de tábuas no fundo do que chamaremos palco, aos lados do qual correm, paralelas, uma espécie de varandas ou trincheiras com assentos para os espectadores que os querem pagar, e o seu preço para os europeus não excede a um maz de prata, ou um tostão; o espaço intermédio constitui a plateia, sem sobrado nem anfiteatro, com a entrada, toda aberta em frente do palco, gratuita para o povo, que vê o espectáculo de pé e que sempre concorre em multidão. Os indivíduos que ficam na primeira fileira da plateia são obrigados a apoiar-se com as mãos na extremidade do palco, que lhes fica na altura das cabeças, formando como um renque de escoras com os braços nus, para resistirem aos contínuos embates das ondas dos espectadores, os quais, vistos das varandas, formam, apinhados, uma espécie de pavimento composto de cabeças muito unidas,rapadas na maior parte do casco, e que ora são levadas todas numa direcção ora noutra, exactamente como as vagas de um mar banzeiro".
(...)
"Nestes teatros não há pano de boca: as decorações são muito singelas e grosseiras, e as poucas mutações na cena todas se fazem à vista do público; de noite são iluminados com fachos e luzes sobre o tablado. Duram as representações, de dia das onze às cinco da tarde e continuam das sete à meia-noite, ou mais. A representação é continua e não tem os intervalos  dos nossos actos; mas há cenas sucessivas que se vão anunciando por uma espécie de cartaz, ou tabuleta, que penduram nuns barrotes, na posição que corresponderia às colunas do proscénio".
(...)
"A orquesta está no fundo do palco e é composta de uma espécie de rebecas, de gaitas com forma e sons semelhantes à clarineta, e de bategas ou timbales, o que produz uma música estrondosa e infernal que acompanha quase constantemente a declamação; junte-se a isto o frequente rebentar dos panchões ou estalos sobre a cabeça dos actores, admiravelmente a propósito no fim das falas ou nas passagens de maiores afectos; e fazer-se-á ideia da bulha confusa e incómoda que se experimenta e que cobre a voz dos actores, apesar de berrarem às vezes extraordinariamente (...)".
Carlos José Caldeira. Apontamentos de uma viagem de Lisboa à China e da China a Lisboa. in Carlos Pinto dos Santos e Orlando Neves, De Longe à China - Macau na Historiografia e na Literatura Portuguesas. tomo II, Instituto Cultural de Macau, 1988.


Carlos José Caldeira (1811-1882) esteve em Macau em 1850-51 e da sua estadia no Oriente resultou o livro de crónicas, publicado em dois volumes em 1852 e 1853,  Apontamentos de uma viagem de Lisboa à China e da China a Lisboa.

"Homem dedicado às letras, distinguiu-se com escritor e jornalista, tendo colaborado no Diário de Notícias, Jornal do Comércio, Arquivo Pitoresco, Correio da Europa, Arquivo Universal, Ilustração Luso-Brasileira, Ocidente e Revista Peninsular. Das obras que nos deixou, contam-se, entre outras, Considerações Sobre o Estado das Missões e da Religião na China (1851) e Apontamentos de uma Viagem de Lisboa à China e da China a Lisboa (1852-1853). Esta última obra, dividida em dois volumes, resultou da viagem que realizou à China, quando contava cerca de 40 anos de idade. Partiu em Julho de 1850 com destino a Macau, numa viagem que durou 50 dias, e permaneceu no Oriente até finais de 1851.  Os seus Apontamentos são, ainda hoje, uma obra de consulta obrigatória para todos aqueles que se dedicam ao estudo de Macau oitocentista, traçando um interessante retrato sobre aquela cidade e apresentando vivas descrições e profundas reflexões sobre outros espaços onde se fazia sentir a presença portuguesa, quer no Oriente quer em África".  Alfredo Gomes Dias. Ditema - Dicionário Temático de Macau, Vol. I, 2010.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Carlos Frota: Três poemas em homenagem a Henrique de Senna Fernandes

I
AMOR E DEDINHOS DE PÉS
Oh a Rua Central
depois da missa das onze de domingo na Sé
com as montras vistosas
das novidades de Paris

oh as casas da minha amada
no Largo do Lilau  na Ilha Verde
onde amei a minha noiva
feia noiva bonita como escreve

o contador de histórias o cronista
desse Macau que foi meu pelos seus livros

e num canto suave da memória
fica a história da sua cidade
minha


II
TANCAREIRA
"Amou seu homem
num alto mar poético e sem lua
e aí gerou a filha
que partiu
para não ser sua
a mesma escravidão
de amarrada ao seu tancá
não ter mesmo outro futuro
que o futuro que o rio dá"

Não sei se chorei Amigo
a tristeza desta história
ou se fui buscar contigo
em igual arca da memória
pedaços de vida vivida
laivos de vida esquecida
doutras terras doutras gentes


III
NO JARDIM DE S. FRANCISCO
Numa tarde serena e ociosa
embrenho-me pensativo pelo jardim
procurando ouvir as histórias
que me quer contar
o tronco silencioso
de velha árvore frondosa

de repente pressinto
dois vultos de jovens namorados
ternamente enlaçados

ele meio oculto meio envergonhado
ela muito bela de uma beleza trigueira

e então pressinto que ela é
a jovem da trança feiticeira

Carlos Frota. Dos Rios e Suas Margens. Macau, 1998